Pela primeira vez, o PSD não conseguiu chegar à maioria absoluta na região autónoma da Madeira. Até hoje, os sociais-democratas tinham vencido as onze eleições regionais sempre com maioria absoluta. Os melhores resultados foram conseguidos por Alberto João Jardim, que governou a região durante 36 anos, entre 1980 (com 65%) e 2007 (com 64% dos votos).
As primeiras eleições, em 1976, foram vencidas pelo PSD com 59,6% dos votos. Alberto João Jardim só chegaria ao poder dois anos depois, na altura com 33 anos. E na sua primeira candidatura conseguiu o melhor resultado de sempre para o PSD: 65,33%. Nesse ano, os socialistas obtiveram apenas 15% dos votos, o CDS 6,46%, a UDP 5,48% e a APU (uma coligação liderada pelo PCP) ficou nos 3,13%.
Jardim voltou a ultrapassar os 60% dos votos quando, em 2007, apresentou a demissão em protesto contra a Lei de Finanças Regionais. “Ao demitir-me, provo não estar agarrado ao poder, coloco-me nas mãos do povo”, disse o então líder do PSD/Madeira, contestando o “ataque socialista” do Governo liderado por José Sócrates. Nas eleições seguintes, o PSD conseguiu 64,24% dos votos.
O histórico do PSD governou a região durante mais de três décadas com um estilo muito particular. Para a história ficaram as muitas inaugurações realizadas pelo poder laranja. “Fiz 4.879. Dá uma inauguração em cada dois dias e meio. Está aí o trabalho. Quando inauguro é sinal de que estou a fazer alguma coisa de novo ou estou a transformar alguma coisa”, disse, numa entrevista ao i, no início de 2016.
O PSD começou a perder votos em 2011. Alberto João Jardim, na última vez em que se candidatou, conseguiu maioria absoluta, mas ficou longe das vitórias esmagadoras. “O meu partido é a Madeira. Não contem comigo para outras fidelidades partidocráticas. Até pelas facas que foram metidas nas costas do povo madeirense”, disse Jardim, na noite eleitoral.
Miguel Albuquerque candidatou-se pela primeira vez em 2015 e, apesar de perder votos, conseguiu manter a maioria absoluta. O PSD obteve 44,35% dos votos e mais um deputado que os restantes partidos. Não conseguiu, porém, travar a queda do PSD e, pela primeira vez na história, os sociais-democratas vão governar a região sem maioria absoluta.