Azeredo diz que acusação é “eminentemente política” e que não sabia de encenação da PJM

Antigo ministro diz que já estava à espera da acusação, mas lamenta fugas de informação

O ex-ministro da Defesa reafirmou hoje nada saber da investigação de farsa da Polícia Judiciária Militar e acusou o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) de ter produzido uma acusação sem provas e baseada apenas em questões políticas.

Num comunicado enviado às redações, Azeredo Lopes afirma que “o Ministério Público confunde de modo ostensivo responsabilidade política com responsabilidade jurídica”, adiantando: “Sempre assumi a primeira; refuto, mais uma vez a segunda, de forma veemente e definitiva; e recordo que a avaliação política foi feita, justamente, pela Assembleia da República”.

O antigo governante diz, ainda assim, que já estava à espera: “Esta acusação era expectável desde que o MP me ouviu como testemunha e poucos dias depois me constituiu arguido sem que, entretanto, tivessem ocorrido ou sido juntos aos autos quaisquer factos novos, num episódio de grave deslealdade processual que claramente fazia antever este desfecho”.

 

Lamenta ter sido julgado em praça pública

O ex-ministro salienta que nos últimos meses tem sido julgado em praça pública, o que diz lamentar. Considera , aliás, que toda esta situação é de “absoluta desigualdade”, salientando a existência de “fugas de informação cirúrgicas, não obstante o processo estar em segredo de justiça (o que só hoje deixa de acontecer), sem que o Ministério Público ou a Procuradoria Geral da República tenham, que se saiba, levantado qualquer inquérito, tornando banal e corriqueiro um facto que viola gravemente a lei e os direitos dos cidadãos”.

“Lamento além disso que, de forma grosseira e óbvia, essas fugas de informação se tenham intensificado desde o primeiro dia da campanha eleitoral em curso, em claro atropelo e desrespeito às mais elementares regras da democracia e numa confusão lamentável de papéis de órgãos de soberania”, defende ainda, anunciando que vai pedir abertura de instrução para tentar evitar o julgamento.

 

Diz que não sabia de nada da encenação

“Reitero que nunca fui informado, por qualquer meio, sobre o alegado encobrimento na recuperação das armas furtadas de Tancos, pelo que gostaria que ficasse claro que o então Ministro da Defesa não cometeu qualquer crime nem mentiu, tal como não o fez o cidadão José Alberto Azeredo Lopes”, afirma.

A terminar, diz que “não obstante esta acusação do Ministério Público”, confia na Justiça e na sua absolvição. “Chegou agora, finalmente, o tempo da minha defesa”, concluiu.

 

Os crimes que o MP imputa a Azeredo

Azeredo Lopes está acusado de com outros arguidos ter praticado um crime de denegação de Justiça e prevaricação e outro de favorecimento pessoal praticado por funcionário. E terá ainda praticado sozinho um crime de abuso de poder e um de denegação de justiça.