Há dez anos, nos Mundiais de atletismo realizados em Berlim, Naide Gomes saiu em lágrimas de competição após terminar no quarto lugar da prova de salto em comprimento. Em 2018, foi tornado público que Tatiana Lebedeva, a russa que acabou a prova no segundo posto, competia dopada, ficando assim estabelecido que a portuguesa iria subir um lugar na classificação final e assim receber a medalha de bronze.
A justiça acabou por ser oficializada este sábado, com Naide Gomes a subir ao palco dos Mundiais em Doha para receber, muito emocionada, uma medalha que conquistou há uma dezena de anos. "Quando chamaram o meu nome para o pódio, o coração começou a bater mais. Revivi por instantes a competição de há dez anos. Uma competição muito dura, muito emocional, após os Jogos Olímpicos de 2008, onde eu falhei", comentou, após receber a medalha devida, a antiga atleta, hoje prestes a fazer 40 anos.
"A medalha era muito importante, independentemente de ser bronze, prata ou ouro. Lutei para o ouro, mas não o consegui, infelizmente fiquei em quarto (outra vez). Fiquei muito chateada comigo, com a situação. Fiquei triste, mas tive de superar. Superei e continuei e ganhei mais medalhas, e terminei a minha carreira. Dez anos depois, cá estou eu. Mas estar aqui e ver o estádio vazio, não sentir aquela vibração, a adrenalina, isso foi ‘roubado’, obviamente… mas já passou”, ressalvou aquela que é ainda hoje a recordista nacional do salto em comprimento, acrescentando: "Repuseram a verdade, vale o que vale, também para que os outros atletas percebam que se fizerem batota mais cedo ou mais tarde vão ser apanhados. Ela [Tatiana Lebedeva] está feliz da vida, não foi prejudicada, já acabou a carreira”.