A ex-eurodeputada Ana Gomes foi constituída arguida por “ofensa a pessoa coletiva” no caso da queixa do grupo Douro Azul por declarações que fez em 2016 sobre a venda de um navio pelos Estaleiros de Viana do Castelo. A revelação foi feita pela própria na sua página de Twitter: “A sair da GNR/Colares, onde fui constituída arguida por ofensa a pessoa coletiva”, classificando Mário Ferreira, presidente da Douro Azul, de “predador”.
Ana Gomes foi ainda mais longe: “Agora que deixei de ser MPE [deputada do Parlamento Europeu], voltam a tentar intimidar-me por denunciar esquemas [relativos à] subconcessão ENVC [Estaleiros Navais de Viana do Castelo]”.
Em causa estão as declarações proferidas em abril de 2016 pela ex-eurodeputada, em reação a um comunicado da Procuradoria-Geral da República a anunciar buscas e diligências no quadro da designada “Operação Atlantis”, relacionadas com a subconcessão dos ENVC e a venda do navio “Atlântida” ao Grupo Douro Azul.
Nessa altura, Ana Gomes disse que a investigação era “um sinal de que algo está a mexer num caso de flagrante corrupção”, envolvendo a venda “a patacos” do ‘ferryboat’ Atlântida ao Grupo Douro Azul, o qual, segundo a eurodeputada, tinha “muito que contar” às autoridades.
O grupo de Mário Ferreira acusou-a de fazer “insinuações e acusações graves, visando atingir a credibilidade e prestígio” das empresas envolvidas, e de “insinuar uma qualquer relação entre a subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC com a venda do navio ‘Atlântida’ ao Grupo Douro Azul, sabendo que não correspondia à verdade.
Contactada pela Lusa, a antiga eurodeputada disse tratar-se de uma “tentativa de retaliação e intimidação”.
Sobre o processo, que irá agora ser apreciado pelo Ministério Público, para eventual acusação, disse estar “tranquila”.