Açores. Furacões não vão ocorrer com mais frequência mas vão ser cada vez mais fortes

O valor da rajada de vento máxima registada no território foi de 163km/h, no Corvo, às 08h25.

O furacão Lorenzo atingiu os Açores a noite passada e já deixou mais de 50 pessoas desalojadas e gerou, pelo menos, 127 ocorrências. De acordo com o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, Carlos Neves, 100 pessoas foram retiradas das suas casas, por precaução.

O cenário atual não é muito diferente do esperado pelo IPMA e pelo Centro Meteorológico de Miami, segundo declarações da meteorologista do IPMA, Vanda Costa ao SOL. Lorenzo atingiu os Açores em categoria 2, "mas num limite muito inferior, muito próximo da categoria 1", que era o que estava previsto pelo Instituto. "Passou a oeste do grupo ocidental como previsto e a rota não se desviou muito à prevista", acrescentou a especialista. 

Vanda Costa declarou que o valor de rajada de vento máxima registada no território foi de 163km/h, no Corvo, às 08h25, mas garante que este valor é um "número preliminar que precisa de confirmação" e que é possível terem ocorrido valores mais altos em zonas mais elevadas da ilha, onde o Instituto não tem estações meteorológicas. 

Quando questionada sobre se este fenómeno se irá tornar algo mais regular na região dos Açores, com o planeta a enfrentar alterações climáticas, Vanda Costa garante que não é esperado que ocorram furacões "com mais frequência, mas sim com mais intensidade e cada vez mais fortes". A meteorologista sublinha ainda que Lorenzo é o primeiro furacão de categoria 5 a alcançar uma zona tão a leste no Atlântico. 

Apesar disso, defende que o furacão não é "um fenómeno anormal" no arquipélago e que é nesta altura do ano "que é mais esperada a passagem de furacões". A época da passagem dos furacões no Atlântico é de junho a novembro, mas nos Açores é mais esperada a passagem dos fenómenos entre setembro a outubro.

Vanda Costa disse ainda que não é esperado que o furacão atinja o continente: "O Lorenzo vai perder cada vez mais atividade e dirigir-se para as ilhas britânicas".

No que toca às próximas horas, a especialista afirma que, apesar de as rajadas de vento terem terminado, é "esperado que a agitação marítima continue a ocorrer nas ilhas do grupo central até às 15h".

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