Mais de um terço dos portugueses estão em risco de ficar obesos

A propósito do Dia Mundial da Obesidade, a OCDE publicou um relatório no qual indica que 36,7% dos portugueses estão em pré-obesidade.

O preço a pagar pelo excesso de peso em Portugal é cada vez maior e, do total da receita canalizada para a saúde, 10% é destinado a tratar doenças relacionadas com a obesidade – diabetes, cancro e doenças cardíacas.

Comparando com a média fixada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal fica acima da linha – que marca os 8,4%. Os dados constam do relatório “O pesado fardo da obesidade”, divulgado ontem pela OCDE. No total, o Governo português gasta 207 euros por pessoa, a cada ano, em tratamentos relacionados com o excesso de peso.

O relatório traduziu os países em números e, segundo a OCDE, em 2016, a taxa de prevalência de obesidade fixou-se nos 21,7%. Dessa percentagem, 5,39% estavam identificados com obesidade mórbida, ou seja, tinham um índice de massa corporal superior a 35. Mas não fica por aqui: 36,7% dos portugueses foram identificados com pré-obesidade.

 

“Investimento ainda é muito desigual”

A propósito do Dia Mundial da Obesidade, que se assinala hoje, a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) e a Adexo – Associação de doentes Obesos e Ex-obesos de Portugal uniram-se para alertar “para o desinvestimento desigual no tratamento da obesidade” e para as “dificuldade de acesso ao tratamento farmacológico”, referem em comunicado. 

Paula Freitas, presidente da SPEO, referiu que “não basta intervir nos casos mais graves de obesidade, promovendo o acesso às cirurgias, que é o que o Governo tem feito”, é necessário promover o acesso aos medicamentos, quer para os doentes que já foram operados, quer para os que aguardam cirurgia. Aliás, Paula Freitas refere também que “os estudos comprovam que perdas de peso de 5% a 10% […] têm benefícios, na redução do risco anestésico e cirúrgico para aqueles que estão propostos para cirurgia”.

Neste momento, há cerca de 2000 pessoas a aguardar cirurgia e o tempo médio de espera para operação ronda os oito meses. As instituições referiram ainda que, além de ser uma doença complexa, “pode estar associada a mais de 200 outras doenças, nomeadamente, cerca de 13 cancros”.

A nível global, o relatório da OCDE indica que os malefícios da obesidade não ficam pela saúde. Por exemplo, a nível profissional, as probabilidades de continuar a trabalhar no mesmo sítio descem 8% se o trabalhador sofrer de uma doença crónica de excesso de peso. E a probabilidade de faltar ao emprego é 3,4% maior do que as pessoas que não sofrem de nenhuma doença associada  à obesidade. 

Para a OCDE, o impacto do aumento dos impostos na comida açucarada e a redução do valor dos alimentos saudáveis são medidas que devem ser aplicadas pelos países onde o consumo de açúcar é muito elevado. O exemplo do Reino Unido surge também neste contexto, onde é referido que o governo deveria negociar com a industria a redução em 20% das calorias de determinados alimentos.