Cumprindo a tradição, a temporada Nobel arrancou com a atribuição do galardão de Medicina. William G. Kaelin, Gregg Semenza e Peter J. Ratcliffe – que vai dar uma palestra em Lisboa na próxima sexta-feira, na conferência iMed – foram premiados pela descoberta das dinâmicas moleculares que permitem às células adaptar-se ao níveis de oxigénio, ‘sensores’ que regulam o metabolismo. Foi um prémio para a ciência básica, com repercussões em várias áreas, da regeneração ao cancro.
O Nobel da Física distinguiu um segundo trio que expandiu o conhecimento sobre o cosmos. James Peebles foi premiado pelo trabalho teórico no estudo da radiação cósmica de fundo, o vislumbre do universo primitivo 400 mil anos após o Big Bang. Foi um dos autores de cálculos que sugerem que a matéria e energia escura, cuja natureza não é ainda clara para os cientistas, representarão 95% de tudo o que existe. Michel Mayor e Didier Queloz conquistaram a outra metade do prémio pela descoberta, em 1995, do primeiro planeta fora do sistema solar, num catálogo que cresceu nos últimos anos para mais de 4000 vizinhos na Via Láctea, com equipamentos cada vez mais sofisticados e uma expectativa de fundo: encontrar um planeta com uma atmosfera parecida à nossa e sinais de vida.
Descendo de novo à Terra, o Nobel da Química distinguiu três investigadores que contribuíram para o desenvolvimento das baterias de iões de lítio, John Goodenough, Stanley Whittingham e Akira Yoshino, abrindo portas ao mundo recarregável, à mobilidade elétrica e aos dilemas ambientais da corrida ao lítio. A ausência de mulheres entre os laureados dos prémios científicos suscitou críticas. Nestas três disciplinas, houve apenas 20 mulheres distinguidas na história do galardão, contra mais de 600 homens.