Os combates intensos continuam devido à invasão turca do nordeste da Síria, no quinto dia da Operação Fonte de Paz, provocando 14 mortes e dezenas de feridos, este domingo. Segundo as Nações Unidas, já foram deslocadas 130 mil pessoas e o número pode aumentar para 400 mil. Os ataques aéreos turcos abriram portas para familiares dos combatentes do Estado Islâmico fugirem dos campos de refugiados, onde estavam detidos pelas milícias curdas.
Em conferência de imprensa em Instambul, este domingo, Erdogan afirmou que as forças lideradas pela Turquia sitiaram a cidade Tel Abyad, controlada anteriormente pelas Unidades de Proteção Popular, que Ancara considera ser uma organização terrorista. “Concentrámo-nos, primeiro, nos 120 quilómetros de área entre Ras al-ain e Tel Abyad. Assim, vamos dividir pelo meio os 480 quilómetros de corredor terrorista”, assinalou Erdogan, citado pela Reuters. “Depois vamos, por um lado, tomar controlo de Hasaka, e por outro, Ain al-Arab (Kobani) e finalizar a operação. Vamos descer cerca de 30 a 35 quilómetros, de acordo com o de zona segura que declaramos anteriormente”.
A “zona segura” servirá para Erdogan transferir forçadamente cerca de dois milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia – além do objetivo de expulsar os curdos da fronteira. De acordo com as autoridades curdas, os ataques aéreos nas proximidades dos campos de refugiados controlados pelos curdos, deram cobertura à fuga de cerca de 700 familiares de combatentes do Estado Islâmico. “Estamos a enfrentar ataques muito ferozes e somos forçados a diminuir o número de guardas”, disse um responsável curdo, Ciya Kurd, que confirmou a fuga ao New York Times. Segundo o mesmo jornal, as autoridades curdas dizem que uma bandeira do Estado Islâmico foi levantada na região.
Tudo isto na sequência do anúncio de retirada de mil tropas norte-americanas, que ainda permanecem no terreno, pelo Secretário de Estado da Defesa dos EUA, Mark Esper, este domingo.
A decisão de Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, de retirar as tropas da fronteira deu luz verde para a Turquia avançar na expulsão das Forças Democráticas Sírias (uma aliança de milícias assírias, árabes e curdas) da sua fronteira. Um genocídio curdo é cada vez mais temido.