5G. “Estamos prontos para arrancar. Os atrasos custam-nos dinheiro”

Responsáveis da Dense Air explicaram qual será o seu papel na implementação da rede de quinta geração móvel em Portugal.

Imagine que, num futuro próximo, a sua operadora começa a oferecer pacotes com dados móveis ilimitados. E em vez de se ligar a uma rede Wi-fi, consegue apanhar a rede 5G em todo o lado, durante horas e horas. Melhor ainda: está estacionado no piso -4 e faz chamadas e pesquisas no browser como se estivesse numa praça no meio de Lisboa. A Dense Air, empresa britânica que está a apostar na implementação do 5G em Portugal, acredita que o futuro passa por aqui. Só falta a luz verde por parte do regulador para que o processo comece a avançar, “de preferência até ao final do ano”.

Esta sexta-feira, Tony Boyle, general manager da empresa, e Paul Senior, CEO da Dense Air, estiveram à conversa com os jornalistas para explicarem o que estão a fazer em Portugal. “Queremos disponibilizar 5G de excelência para Portugal, através da intensificação da rede, nomeadamente no interior de edifícios” e nas zonas rurais, explicou Paul Senior.

Mas em que consiste o negócio desta empresa? Os responsáveis não quiseram confirmar valores, mas o i sabe que, tal como avançou em abril, a Dense Air tenciona realizar um investimento total de mais de 100 milhões de euros em Portugal – investimento esse que motivou uma reunião, nessa altura, com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. Esse dinheiro é aplicado na disponibilização de rede partilhada: o seu negócio é disponibilizar indoor small cells, células de rede que suportam as empresas de telecomunicações. Ou seja, estas células fazem com que haja mais sinal nas zonas com cobertura móvel fraca, permitindo a existência de rede numa área até dois mil metros quadrados. “Nós não vamos competir com as operadoras, vamos trabalhar com elas, são nossas clientes”, revelou Paul Senior.

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Problemas com Anacom E por que razão ainda não se avançou com esta nova tecnologia? O CEO da Dense Air diz que a empresa “está preparada para arrancar com as operações”, mas o processo é mais complexo do que parece. Vamos por partes. A Dense Air detém, desde 2010 e com uma licença válida por 15 anos, uma frequência nos 3,5 Ghz necessária para o desenvolvimento da quinta geração móvel. Há vários meses que os responsáveis da empresa mantêm reuniões com a Anacom, mas nem todos estão contentes com os resultados destes encontros: o Jornal Económico noticiou há uma semana que a NOS e a Vodafone avançaram com uma ação contra o regulador, acusando-o de atrasar o desenvolvimento do 5G para forma como geriu esta questão.

Paul Senior admite que “há um atraso no 5G em Portugal”, mas recusa que esse atraso esteja relacionado com a questão da frequência, mas sim com o problema da migração de faixas da TDT, que têm gerado vários problemas entre a Anacom e a Altice. “Estamos prontos para arrancar e a verdade é que estes atrasos custam-nos dinheiro”, referiu o responsável.

A Dense Air diz ainda estar disponível para “libertar” o espetro e “reconfigurar a forma como está organizado”. Ou seja, na prática, a empresa disponibiliza-se a arranjar espaço no seu espetro para outros operadores acederem à frequência nos 3,5 Ghz. A empresa aguarda agora novas indicações, mas os responsáveis mostram-se otimistas quanto ao desfecho deste projeto: “espero que seja antes do Natal, seria um bom presente para os consumidores portugueses”, disse Tony Boyle.