Estados Unidos vão pagar “maior parte da dívida” à ONU até ao fim do ano

Norte-americanos justificam atrasos com diferenças entre o ano fiscal do país e o da organização

Os Estados Unidos prometeram esta sexta-feira pagar, até ao final do ano, "a maior parte" da dívida de 2019 à ONU (Organização das Nações Unidas), a atravessar uma crise de tesouraria desde setembro. A garantia foi dada por Cherith Norman Chalet, embaixadora norte-americana para a Administração e Reforma da ONU, frisando que os pagamentos serão relativos aos orçamentos atuais de funcionamento da ONU e às operações de paz.

Norman Chalet não revelou o valor acumulado que os Estados Unidos têm em atraso, sobretudo desde 2017, quando o presidente Donald Trump decidiu diminuir o valor das contribuições do país para as missões de paz. Até ao início da semana, de acordo com documentos da ONU, Washington devia cerca de 950 milhões de euros ao orçamento para funcionamento corrente da organização (cerca de 600 milhões relativos a este ano); já no que respeita ao pagamento de operações de paz, a dívida ascendia aos 2,1 mil milhões de euros.

"Desembolsámos recentemente 180 milhões de dólares [cerca de 160 milhões de euros] e pagaremos mais 96 milhões de dólares [85 milhões de euros] nas próximas semanas. Outros pagamentos serão feitos em novembro", prometeu a diplomata, justificando o atraso nas contribuições com o facto de o ano fiscal dos Estados Unidos começar em outubro e terminar no final de setembro, não coincidindo com o ano civil que é aplicado pela ONU.

A embaixadora norte-americana deixou ainda elogios a António Guterres, secretário-geral da ONU, considerando que algumas das medidas adotadas pelo português para lidar com a crise de liquidez "deviam tornar-se a norma". Entre elas estão coisas tão simples como desligar as escadas rolantes, fechar os bares mais cedo, reduzir o uso do aquecimento, restringir as viagens e evitar receções, além de impor limites às contratações de tradutores e às impressões de documentos ou atas.

De acordo com o antigo primeiro-ministro português, a ONU tem um défice de 1,2 mil milhões de euros, o que afeta o fecho do ano e o pagamento dos 37000 funcionários da organização em todo o mundo. Além dos Estados Unidos, há mais seis países devedores: Brasil, Argentina, México, Irão, Israel e Venezuela. Todos juntos respondem por 90 por cento dessa dívida.