O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse, esta terça-feira, estar surpreendido, com o facto de a clínica que realizou ecografias à mãe do bebé que nasceu com malformações graves em Setúbal não ter qualquer convenção com a Administração Regional de Saúde ou com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas aceitar credenciais de exames de utentes encaminhados pelos serviços públicos, tal como foi o caso da mãe de Rodrigo.
"Coloca-se aqui a questão do que é feito da fiscalização e do controlo que deve existir nas situações em que existem contratos [com o Estado]", alertou Miguel Guimarães, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de vacinação contra a gripe.
"A situação está a ser investigada. Espero que os resultados sejam conhecidos muito rapidamente. Não podemos ficar com dúvidas sobre o controlo da qualidade que tem de ser feito pela Entidade Reguladora da Saúde ou as Administrações Regionais de Saúde (…) se existirem clínicas que, à margem de potenciais convenções que existam com clínicas maiores, as pessoas estejam lá a fazer os exames sem o Estado saber", afirmou, acrescentando ainda que é inaceitável o tempo que o conselho disciplinar do Sul demorou a analisar os processos do obstetra Artur Carvalho e que ainda não recebeu “uma explicação cabal” sobre o assunto.
"É demasiado tempo a analisar processos (…) é inaceitável ter tantos processos há tanto tempo sem ter tido uma conclusão", declarou, defendendo que o conselho disciplinar do Sul necessita de um plano de recuperação dos processos que tem pendentes.
Recorde-se que, esta terça-feira, também o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco, afirmou que há indícios de irregularidades na clínica, a Ecosado, que têm de ser “esclarecidos”.
A ARSLVT tem em curso inquérito ao caso.
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