A Sociedade Portuguesa de Ecografia Médica (SPEM) alerta para os riscos dos exames de ultrassons realizados fora do ambiente médico.
As imagens registadas em 4D e 5D, chamadas ecografias emocionais, obrigam grávidas e fetos a uma exposição excessiva ultrassons, que podem ter efeitos nocivos.
"Apesar de, até à data, não terem sido detetados efeitos nocivos nas ecografias, o instituto norte-americano de ultrassons tem alertado para que não se façam exames demasiado demorados", afirmou à agência Lusa Francisco Gaivão, presidente da SPEM, explicando que um tempo excessivo pode "promover o aquecimento exagerado dos tecidos e a cavitação, que é a formação de bolhas de gás dentro dos tecidos".
O especialista deu ainda o exemplo de uma ecografia morfológica, feita para detetar eventuais malformações, demora cerca de 30 minutos, enquanto as emocionais são mais demoradas, podendo chegar a demorar 60 minutos. O médico radiologista contou também que há locais que além de oferecerem estes examesn em 4D e 5D "chegam a alugar aparelhos para que as grávidas levem para casa para verem o bebé".
Estas ecografias não são realizadas por médicos, usam tecnologia 4D, em que o feto só é observável dentro por fora, "que é o que a família quer ver", sublinhou Francisco Gaivão.
"Estes exames vieram de Espanha, onde estão já muito difundidos", afirmou o especialista, que deixou ainda o alerta para a exploração emocional que estes locais fazem aos pais. "Fazem uma ecografia em que a família assiste e até gravam um CD, o que não é propriamente barato".
Sublinhe-se que estas declarações são conhecidas pouco depois de ter sido noticiado o caso de Rodrigo, o bebé que nasceu com malformações graves que não foram detetadas durante as ecografias na gravidez.
Aliás foi apenas durante a realização de uma destas ecografias chamadas de emocionais que houve suspeita de problemas com feto, cenário que mais tarde foi afastado pelo médico obstetra que acompanhava a mãe de Rodrigo, e que entretanto veio a confirmar-se no parto.