“Não sei como descrever a sensação de atirar terra sobre o caixão de um filho”

Ex-jogador falou pela primeira vez da morte do filho.

Cafú, ex-jogador brasileiro, perdeu o seu filho Danilo no dia 4 de setembro deste ano quando os dois jogavam um jogo de futebol entre amigos.

O antigo defesa falou publicamente pela primeira vez desde a tragédia à revista Veja.

"Tínhamos um jogo com amigos marcado para o dia 5, mas eu ia fazer uma viagem de trabalho aos Estados Unidos e antecipei a partida. O Danilo estava na mesmo equipa que eu. Num intervalo, ele saiu e eu continuei a jogar, mas uns três minutos depois reparei num tumulto fora do campo. Por curiosidade fui ver o que estava a acontecer e deparei com meu filho a sofrer convulsões", disse Cafú.

"Entrei em pânico, pois ele tinha um histórico cardíaco delicado. Ligámos para os bombeiros e eles disseram que demorariam em dez minutos, mas eu sabia que o meu filho não poderia esperar. Pedi que retirassem as crianças dali, para que não vissem a cena e toda aquela correria. Peguei-o ao colo, coloquei-o no carro e em cinco minutos chegámos ao hospital", prosseguiu. Ele já estava pior quando chegou ao hospital. Os médicos tentaram reanimá-lo de muitas formas. Depois de meia hora, um médico-me chamou a um canto. Eu disse 'doutor, não precisa dizer nada. Estou a ver que ele não responde, contou o brasileiro.

"Enterrar um filho foge do contexto geral, de tudo o que você sente ao longo da vida. A cada cinco dias vou ao cemitério visitar o túmulo. Não assimilei o que aconteceu. Ainda não tive coragem de entrar no quarto, o meu filho Wellington juntou as coisas dele e doou tudo. Nunca mais pisei o campo onde aconteceu a convulsão. Não sei como descrever a sensação de atirar terra sobre o caixão de um filho, sabendo que ele não vai voltar. A morte de um filho acompanha um pai e uma mãe para o resto da vida."

Cafú terminou a conversa com a revista brasileira a descrever como têm sido os dias desde a tragédia. "Choro em geral no trânsito e ligo para os meus amigos apenas para chorar. Eles até sabem e ficam calados, então eu choro, choro e choro. Chorar alivia o peito…"