Já se podem conhecer dois depoimentos do inquérito para a destituição de Donald Trump. As transcrições dos testemunhos da antiga embaixadora norte-americana para a Ucrânia, Marie Yovanovitch, e do ex-conselheiro do Departamento de Estado, Michael Mckinley, ficaram disponíveis ao público esta segunda-feira. São os primeiros dois testemunhos a tornarem-se públicos depois de terem sido realizados à porta fechada.
Yovanovitch disse a democratas e republicanos, no seu primeiro depoimento em outubro, que acreditava ter sido vítima de uma campanha conservadora, cujo objetivo era qualificá-la como desleal ao Presidente dos EUA, procurando afastá-la – o que acabou por acontecer em maio. A transcrição também mostra que a antiga embaixadora detalhou aquilo que sabia sobre as tentativas do advogado pessoal de Trump, Rudy Giulliani, e dos seus aliados, de trabalhar com o procurador-geral ucraniano para “fazer coisas, incluindo contra mim”. Giulliani é acusado de negociar ilicitamente com as autoridades ucranianas, pressionando para que investigassem o rival de Trump Joe Biden e seu filho.
Já Mckinley descreveu aos investigadores como pressionou as principais autoridades do Departamento de Estado a apoiar Yovanovitch publicamente, enquanto esta era criticada publicamente nos média. Mckinley chegou inclusive a falar com Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, pedindo que se emitisse uma declaração pública sobre o profissionalismo da diplomata, mas acabou por ser informado por um representante do Departamento de Estado que devia evitar “chamar atenção indevida” sobre Yovanovitch.
A Câmara dos Representantes formalizou o processo de impeachment na passada quinta-feira, ordenando às comissões que estão a realizar os inquéritos que tornassem públicos os depoimentos. Espera-se que os democratas publiquem outras transcrições ainda esta semana. “À medida que vamos avançando para esta nova fase do inquérito de destituição, o público americano começará a ver as provas que as comissões agregaram”, lê-se no comunicado das três comissões democratas que lideram a investigação. “A cada nova entrevista, aprendemos mais sobre a tentativa do Presidente de manipular as alavancas do poder para seu benefício político pessoal”.