A Turquia anunciou ter capturado a irmã de Abu Bakr al-Baghdadi, o antigo líder do Estado Islâmico (Daesh, em árabe), abatido recentemente numa operação conjunta entre os Estados Unidos e as forças curdas. Junto com Rasmiya Awad, de 65 anos, também foram capturados esta segunda-feira o seu marido, nora e cinco crianças, no contentor onde viviam, em Azaz, na província de Aleppo. Os adultos estão a ser interrogados.
Sabe-se muito pouco sobre Awad, apenas que terá vários outros irmãos, segundo o New York Times – não sendo claro se ainda estarão vivos. Awad está a ser questionada sob acusação de pertença a um grupo terrorista que espalhou o terror na região, e não só, onde as decapitações eram uma prática corrente para todos aqueles que eram considerados infiéis. A esperança é perceber quem é o novo líder do Estado Islâmico, Ibrahim al-Hashemi al-Qurashi – um nome desconhecido pelas agências anti-terrorismo.
Além disso, a cidade onde a irmã de al-Bagdadi foi capturada, Azaz, no nordeste da Síria, sobre controlo turco, é um conhecido ponto de saída de famílias do Daesh do país – algo que Awad poderá esclarecer.
“Este tipo de coisa é uma mina de ouro de informação. O que ela sabe sobre o Estado Islâmico pode expandir significativamente a nossa compreensão do grupo e ajudar-nos a apanhar mais bad guys”, disse às agências de comunicação um porta-voz anónimo do Estado turco.
“Muita propaganda obscura contra a Turquia tem circulado para causar dúvidas sobre a nossa determinação contra o Daesh”, escreveu no Twitter Fahrettin Altun, diretor de comunicações do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan – frequentemente acusado de tolerar ou apoiar grupos islamitas na região, incluindo o Estado Islâmico. “A detenção da irmã de al-Baghdadi é outro exemplo do sucesso das nossas operações de contra terrorismo”, assegurou Altun.
O chefe de comunicações de Erdogan reforçou ainda a linha oficial turca, de combater “o terror independentemente da sua ideologia ou origem”. Uma clara alusão às forças curdas, que a Turquia acusa de terrorismo, apesar de serem considerados os principais responsáveis pelo fim do Daesh – perderam mais de 11 mil soldados nessa guerra – e aliados dos EUA.
Contudo, Ancara não mostra a mesma linha dura com grupos como os Exército Livre da Síria, armado e financiado pela Turquia. Não só o grupo é acusado de manter extremistas islâmicos nas suas fileiras, como terá levado a cabo “crimes de guerra e execuções sumárias” contra civis, segundo a Amnistia Internacional. Incluído a execução de uma conhecida política curda, Hevrin Khalaf, abatida à beira da estrada, por homens gravados a gritar “allah akbar”, ou “Deus é grande” em árabe. Algo descrito nos media turcos como uma operação bem-sucedida contra uma terrorista.