Alain Finkielkraut, filósofo francês, está no centro de uma polémica, depois de, esta quarta-feira à noite, afirmar, durante um debate televisivo sobre liberdade de expressão e opinião, que diz aos homens para violar as mulheres e que o próprio viola a sua esposa, ao defender que há uma generalização do termo violação.
Durante o talk-show La Grand Grand Confrontation, transmitido no LCI, Alain Finkielkraut começou por defender que o conceito de violação tem sido manipulado ao longo do tempo e que atualmente há uma “tendência do politicamente correto" relativamente às agressões sexuais.
"Dantes falávamos de violação para denunciar a passagem ao ato: a penetração forçada. Hoje, há a cultura da violação, que engloba as piadas brejeiras, os engatatões, o toque e até ao galanteio. Haverá em França muitos potenciais violadores", disse Alain Finkielkraut.
Caroline de Haas, ativista feminista que também participava no debate, considerou que as afirmações do filósofo acabam por banalizar o problema.
"Não podemos ignorar que, quando se fazem este tipo de comentários, se está a banalizar a violência", começou por dizer, recordando depois o caso de Roman Polanski, realizador francês que é acusado por várias mulheres de violação e que admitiu ter violado uma menor de 13 anos, em 1978.
“Quando dizemos que uma menina de 13 anos que foi violada por um realizador – neste caso Roman Polanski – não foi realmente violada, quando se diz isso, está a enviar-se uma mensagem a todas as raparigas de que isso não importa", sustentou, lançando uma provocação a Alain Finkielkraut, que costuma defender o realizador francês das acusações.
Foi então que o filósofo acabou por responder com uma afronta que deixou todos os presentes em estúdio indignados.
"Violar, violar, violar! Eu digo aos homens: violem as mulheres! Eu violo a minha todas as noites e ela já está farta”, disse, acrescentando depois que a jovem de "13 anos e 9 meses não era impúbere” e que teve relações consensuais com Polanski, sendo que a própria já fez as pazes com o realizador.
"Não tem o direito de dizer isso! O senhor está a insultar mulheres que foram violadas. Existem violações em França, senhor Finkielkraut”, disse a ativista, destacando que em média todos os dias 250 mulheres são violadas naquele país.
Nas redes sociais, o filósofo tem sido amplamente criticado e Conselho Superior do Audiovisual francês já recebeu várias denúncias.