A necessidade de criar um novo aeroporto ganhou maior revelo no Governo socialista de José Sócrates. A Ota foi apontada como a primeira alternativa pelo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino que, na altura, considerou que se o projeto fosse bem conduzido levaria 12 anos a implementar. "É um grande projeto de investimento", referiu na altura.
De acordo com o governante, o investimento seria essencialmente privado e o investimento público atingiria um valor máximo de 600 milhões de euros. A ideia acabou por ser abandonada e foram gastos em média 2,7 milhões de euros anuais só em estudos. Seguiram-se outras alternativas após estudos realizados por vários associações. Por um lado, surgiu a alternativa do Campo de Tiro de Alcochete. Uma ideia avançada pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), entidade que promoveu a realização do estudo que apresentou esta localização como alternativa à Ota.
Uma solução que não agradou a Mário Lino e acabou por ficar famoso com a sua expressão do "jamais". O governante considerou que a margem Sul era um "deserto" e foi mais longe: "O que eu acho faraónico é fazer o aeroporto na Margem Sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hotéis e onde há questões da maior relevância que é necessário preservar".
No entender do ex-ministro, o novo aeroporto devia ser na Ota porque correspondia à estratégia de desenvolvimento que o Governo entende que devia ser seguida, "onde está 40% da população, onde estão as vilas, aldeias, indústrias e comércio, hotéis e turismo".
Por outro, surgiu o Montijo e o estudo realizado pela Associação do Comércio do Porto considerava que "o investimento numa pista e um barracão no Montijo ia ser quase nulo e várias vezes inferior ao que se está a gastar em Beja".
Mas depois de muito impasse, a solução considerada para avançar foi Alcochete e acabou por ser anunciada pelo próprio José Sócrates. As conclusões do relatório ambiental final sobre o novo aeroporto chegaram a ser favoráveis à construção da infraestrutura.
Nenhuma destas alternativas teve um fim à vista e ficou limitado ao alargamento do aeroporto da Portela. A construção do terminal 2 surgiu no plano de expansão do aeroporto de Lisboa, orçado em 380 milhões de euros, que pretendia aumentar a capacidade da pista de 36 para 40 movimentos por hora. Tinha como objetivo os voos domésticos e os low -cost.
Já no Governo de Passos Coelho a necessidade de alargar trouxe a opção Montijo. Pires de Lima admitiu a possibilidade de a base militar do Montijo ser uma opção complementar ao aeroporto da Portela. O ex-ministro revelou, na altura, que "a opção tendencial que estamos ainda a qualificar e a estudar é o desenvolvimento da Portela e o aproveitamento da base do Montijo". Pires de Lima disse ainda que esta opção estava a ser estudada em conjunto com a ANA e as autarquias envolvidas.
Uma localização que foi mantida depois pelo Governo de António Costa. O primeiro-ministro disse várias vezes que era necessário que a construção da infraestrutura seja certa e que não existam "hesitações" ou "criatividades" sobre o consenso alcançado no Parlamento.