José Hermano Saraiva (1919-2012), historiador e principal divulgador da história de Portugal pela televisão, será objecto de uma grande homenagem na próxima segunda-feira, dia 2 de Dezembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, por ocasião do centenário do seu nascimento. Estarão presentes o Presidente da República e vários convidados de honra, e serão oradores Guilherme d’Oliveira Martins (administrador da FCG), Artur Anselmo (presidente da Academia das Ciências de Lisboa), Rodrigo Sá Nogueira Saraiva (filho do homenageado) e Gonçalo Reis (presidente da RTP).
Artur Anselmo assentará a sua intervenção na ação de José Hermano Saraiva como divulgador e ‘missionário da História’, como o próprio gostava de se designar.
Rodrigo Saraiva, por sua vez, falará do pai como pessoa, como político e como intelectual. «O meu pai sempre foi um idealista. Entregou-se a causas com absoluta dedicação, sacrifícios pessoais consideráveis, até para a saúde» – afirma. E cita o seu papel no Instituto de Assistência a Menores, no lançamento de uma colecção de livros educativa, com mais de 100 títulos e 2 milhões de exemplares, e na reforma do ensino, como governante.
Como intelectual, segundo Rodrigo Saraiva, «uma das suas características mais nítidas vem da formação artística: gostava de ver os problemas no seu conjunto, formando um conjunto de conceitos interligados».
José Hermano Saraiva deixou uma vasta obra literária, com estudos originais sobre Camões e outras figuras, sem esquecer a famosa História Concisa de Portugal (ed. Europa-América), que constituiu um enorme bestseller.
Rodrigo Sá Nogueira, na sua intervenção, fala ainda do célebre discurso de Coimbra quando o pai era ministro da Educação, dizendo que a crença na palavra dada o «traiu». E explicando que «o famoso discurso na RTP, muitas vezes citado como prova do autoritarismo de meu Pai, foi uma substituição de uma carga das forças da polícia especial».
E terminará a sua alocução citando uma página do seu diário aquando da morte do pai: «Foi uma espécie de cavaleiro que conquistou um mundo hostil apenas com o seu brilho, a sua coragem, a sua vontade».
Adiante-se que, para lá do sucesso dos seus programas na RTP, antes e depois do 25 de Abril, Hermano Saraiva teve inúmeros cargos políticos no Estado Novo, tendo sido o último ministro da Educação nomeado por Salazar e depois confirmado por Marcello Caetano. E foi ainda procurador à Câmara Corporativa e embaixador de Portugal no Brasil.
Em 2007 o SOL publicou as suas Memórias numa extensa coleção profusamente ilustrada de 12 fascículos.