Doentes pouco urgentes devem abandonar hospitais e ser reencaminhados para centros de saúde

O presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, João Araújo Correia, sublinha que “a urgência não pode ser para alguém que se lembre de ir lá”

O presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna afirma que, na sua visão, os doentes não urgentes deveriam ser encaminhados das urgências hospitalares para os centros de saúde e que estes estabelecimentos deveriam ter um horário de funcionamento mais alargado do que o atual.

João Araújo Correia sublinha que é importante existir "coragem política" para que a situação se altere e melhore, em entrevista à TSF. "Há aqui alguns entraves que são nitidamente de coragem política para se resolverem as coisas. Agora, enquanto for mais fácil para toda a gente – por qualquer dor no dedo grande do pé ou qualquer coisa que não tenha importância – vir ao serviço de urgência nada muda", afirma.

João Araújo Correia destaca ainda que os portugueses recorrem ao serviço de urgência em dobro, comparativamente à media europeia dos países pertencentes à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico.

"60 portugueses em cada 100 vão, pelo menos, uma vez à urgência durante o ano. Corresponde ao tal dobro dos países da OCDE. Se nós pensarmos que na Alemanha vão 8,4 de alemães ao serviço de urgência. Isso tem de ser resolvido e só pode resolvido se nós pensarmos que a urgência não pode ser para alguém que se lembre de ir lá, mas tem de haver circuitos perfeitamente definidos e obrigatórios em que a doença aguda não grave têm de obrigatoriamente ir aos centros de saúde", remata.