As autoridades indianas impuseram uma lei de emergência que proíbe grandes ajuntamentos em várias partes da capital da Índia, Nova Deli, enquanto os protestos contra a lei da nacionalidade crescem a cada dia que passa. Em questão está uma nova legislação que os críticos apontam ser uma declaração de guerra contra a população muçulmana por parte do primeiro-ministro, Narendra Modi.
Uma semana depois de o Parlamento ter aprovado a controversa Lei de Cidadania, os protestos no país não dão sinais de abrandamento. Esta semana o ponto alto registou-se na terça-feira, onde os confrontos entre manifestantes e a polícia fizeram 21 feridos, no distrito Seelampur, em Nova Deli. Tal situação levou a polícia indiana a aplicar medidas de emergência, a partir desta quarta-feira, impedindo a reunião de mais de quatro pessoas em certas áreas de Nova Deli onde a maioria dos residentes são muçulmanos.
Sob a nova legislação, dezenas de milhares de migrantes hindus, cristãos, jainistas, parses, budistas e siques do Bangladesh, Paquistão e Afeganistão poderão pedir a nacionalidade indiana, desde que tenham estado no país antes de 2015. Segundo os funcionários governamentais, a legislação serve para proteger as minorias religiosas de serem perseguidas em alguns países vizinhos. No entanto, não incluiu muçulmanos, como os perseguidos rohingya do país vizinho Myanmar.
Esta nova lei, aprovada em ambas as câmaras do Parlamento, está a ser vista pelos analistas como mais um passo em direção à agenda de Modi de transformar a Índia numa nação hindu – 80% da população. Com esta legislação, os muçulmanos indianos, cerca de 14% da população da Índia, temem ser alvo de ainda mais ataques islamofóbicos no país.
Os protestos contra a lei da nacionalidade alastraram-se para mais de uma dezena de cidades na Índia e os confrontos mais violentos têm acontecido em campus universitários de maioria muçulmana. A repressão dos protestos no estado Assam (onde existe um profundo sentimento antigmigratório) levou a pelo menos seis mortes.
Harsh Mander, um proeminente ativista de direito humanos indiano, disse ao Guardian que ia entregar uma queixa oficial por causa da alegadas atrocidades cometidas pela polícia na Aligarh Muslim University, no estado Uttar Pradesh, este domingo. A polícia invadiu o campus universitário, lançou gás lacrimogéneo e deteve dezenas de estudantes muçulmanos. “A abertura da islamofobia da polícia aqui é o que realmente me preocupa”, disse Mander.