António Costa dedicou a mensagem de Natal ao Serviço Nacional de Saúde, mas não agradou à esquerda nem à direita. Os partidos à esquerda do PS esperavam mais numa altura em que está a ser debatido o Orçamento do Estado. PSD e CDS falam em “propaganda”.
O BE foi dos primeiros partidos a reagir à promessa do primeiro-ministro de que vai reforçar a aposta na saúde. Luís Fazenda confessou que “não é a resposta que se esperava, nas vésperas da negociação e de uma votação na generalidade do Orçamento do Estado”. Para o BE, este é o momento para falar sobre o Orçamento para 2020 e o Governo, até agora, “não tem negociado o que quer que seja de substancial com os partidos à sua esquerda”. Ou seja, a mensagem de Natal de António Costa foi “dececionante” e “monotemática” para os bloquistas.
O PCP também esperava ouvir o primeiro-ministro referir-se a outros problemas do país e lamentou a falta de atenção dada às bandeiras dos comunistas como os aumentos dos funcionários públicos e pensionistas. “Não disse nada sobre o inaceitável aumento de 0,3% para os trabalhadores da Administração Pública. Não disse nada sobre o aumento das pensões e reformas que fica muito aquém das necessidades de milhões de portugueses. Não disse nada, por exemplo, sobre os direitos dos trabalhadores”, disse Jorge Pires, dirigente do PCP, reafirmando que “a obsessão pelo défice zero” acaba por limitar a resposta aos problemas nos serviços públicos, nomeadamente na saúde.
À direita, PSD e CDS não viram mais do que promessas e propaganda nesta mensagem de Natal. Ricardo Batista Leite, do PSD, disse que António Costa “escolheu a noite de Natal para dar aos portugueses nada mais do que palavras e promessas”.
A líder parlamentar do CDS, Cecília Meireles, lamentou que António Costa não assuma a responsabilidade deste Governo na degradação dos serviços públicos de saúde. “Temos assistido a uma degradação quer dos serviços públicos de saúde, quer dos hospitais. Quer do ponto de vista da gestão, quer do ponto de vista do orçamento”, disse.
André Ventura foi mais longe e garantiu que a mensagem foi “uma enorme deceção”. O deputado do Chega lamentou que o primeiro-ministro não tenha abordado “a confusão que se vive na educação, nas forças de segurança ou mesmo sobre a tão prometida reforma no combate à corrupção”. Já João Cotrim Figueiredo, do Iniciativa Liberal, em declarações à Antena 1, considera que esta mensagem mostra que “não há um rumo, não há uma ambição, neste Governo”.