Neste momento, Angola «não é um sítio seguro» para si, assegurou Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, em recente entrevista ao Observador, que coincide com a do seu marido, Sindika Dokolo, à rádio angolana MFM. Desde o afastamento do ex-Presidente que, segundo Isabel dos Santos, a sua família tem sido um alvo das autoridades angolanas. «Se me pergunta se há uma perseguição à família do antigo Presidente dos Santos? Sim, há, isso é claro», assegurou a empresária angolana.
A empresária, que dirigiu a petrolífera estatal Sonangol – a maior fonte de rendimento angolana – refuta as acusações de nepotismo no tempo em que o seu pai era Presidente de Angola e vê com naturalidade a nomeação de quatro filhos para cargos públicos durante o seu mandato – caracterizou mesmo como «ridícula» essa preocupação. «É preciso distinguir a pessoa da função», defendeu, chegando a afirmou que, lá em casa, o pai «só preside ao almoço».Mas as críticas de Isabel ao Governo angolano não se limitaram à «perseguição» à sua família. A empresária também mencionou a dura crise económica que o país atravessa (ver página 52), considerando que os últimos dois anos – após a eleição de João Lourenço para Presidente – «têm um balanço desastroso».
Queixa por difamação
Outro alvo de Isabel dos Santos, acionista principal do banco EuroBIC, foi a ex-eurodeputada Ana Gomes – levada a tribunal por difamação. «Isabel dos Santos endivida-se muito porque, ao liquidar as dívidas, ‘lava’ que se farta!», escreveu a ex-eurodeputada no Facebook, em outubro.
O Eurobic e Isabel dos Santos avançaram com o processo. «Era muito difícil para mim poder tomar outro tipo de atitude», explicou a empresária, lembrando que durante anos Ana Gomes, como eurodeputada, «gozava de um poder político, de uma capacidade de influência e, sobretudo, gozava também de imunidade».A ex-eurodeputada tinha garantido que apresentaria provas da culpa de Isabel dos Santos, mas «não passavam de cartas que ela própria tinha escrito, com uma quantidade de alegações falsas», garantiu a empresária.
‘Perseguição’
Neste momento, um dos irmãos de Isabel, José Filomeno dos Santos (‘Zenu’), está a ser julgado por uma transferência irregular de de 500 milhões de dólares (451 milhões de euros) do Banco Nacional de Angola (BNA) para o banco Credit Suisse de Londres. «Os prazos normais para prisão preventiva eram quatro meses, ele esteve detido durante nove meses», lamentou a empresária – que salientou não ser próxima do irmão.
Tudo isto pouco depois da polémica suspensão de Welwitschea ‘Tchizé’ dos Santos, irmã de Isabel, como militante do MPLA, por um período de dois anos após o seu afastamento do comité central do partido e do cargo de deputada por alegada ausência injustificada do Parlamento. Um «golpe» do «carrasco político» de ‘Tchizé’, o Presidente João Lourenço, segundo esta escreveu no Facebook.