Este ano, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa brilhou – nas últimas horas de 2019 e nas primeiras horas de 2020 – nos Açores.
Brilhou, na forma como inovou, mais uma vez, ao antecipar o seu discurso de Ano Novo para a hora de almoço, em detrimento da tradicional mensagem à hora de jantar. Como explicar a alteração do horário da mensagem?
Duas razões essenciais pesaram na decisão do Presidente Marcelo: primeiro, a estrutural disposição subjectiva de inovação permanente (e de fazer diferente de todos os seus antecessores) de Marcelo.
Segundo, o Presidente soube antecipadamente que António Costa iria publicar – provocando o Presidente, deixando-lhe aviso implícito de que não gostou da sua iniciativa, não singular, de publicar artigo no “JN” no dia de Natal (mesmo dia da mensagem do Primeiro-Ministro ao país) – um artigo no mesmo jornal, neste primeiro dia do ano, tentando tapar a mensagem do Presidente da República.
Todavia, António Costa ainda não percebeu que a sua habilidade é infinitamente inferior ao “savoir-faire” e à inteligência política de Marcelo Rebelo de Sousa – pois bem, com o fito de evitar que o texto de Costa pudesse prejudicar a sua mensagem, Marcelo antecipou o seu discurso e matou à nascença o impacto da mensagem de Costa.
Ainda há alguma dúvida sobre qual é o verdadeiro habilidoso e sábio na relação Costa/Marcelo?
Dito isto, no que concerne ao conteúdo, a mensagem do Presidente Marcelo deixou duas ideias fortes: a primeira é um aviso para que António Costa mude de vida; a segunda, reconduz-se à confirmação da sua recandidatura à Presidência da República em 2021.
Primeiro: um forte e resoluto aviso para António Costa mudar de vida.
Ao afirmar que Portugal necessita de um governo forte, estável e concretizador para 2020, implicitamente, Marcelo Rebelo de Sousa está a reconhecer que o Governo socialistonço (termo que simboliza o casamento promíscuo entre o PS e a extrema-esquerda do faz de conta) tem sido fraco, instável, ao sabor das casualidades (e conveniências pessoais de Costa) do dia a dia – e nada concretizador.
Que é um Governo que assenta no discurso cor de rosa, repetido e exaustivo – e na capacidade de concretização absolutamente cinzenta, nula e sempre ausente.
Numa palavra: o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa reconhece, enfim, que o Governo português nos últimos quatro anos só fez o país – que o mesmo é dizer, o povo português – perder tempo.
Algo terá que mudar, ainda que a composição do Governo se mantenha, até por imperativo constitucional de respeito pela vontade soberana do povo português.
Até neste ponto, a mensagem de Ano Novo de Marcelo é inovadora: finalmente, o Presidente português teve a hombridade de reconhecer que a geringonça resultou de uma fraude constitucional e eleitoral de António Costa para acautelar os seus interesses pessoais e os interesses cimeiros do seu partido – em prejuízo claro dos interesses do povo português-
Efectivamente, Marcelo, ao reiterar que é importante respeitar o resultado das eleições do ano acabado de findar, está afirmando, insinuando (ou insinuando, afirmando) que António Costa fez precisamente o inverso…O que é , constitucional e politicamente, altamente censurável.
Com este Presidente – com a inteligência, sensatez e coragem política de Marcelo Rebelo de Sousa – fraudes políticas, eleitorais e constitucionais, de que a geringonça é um exemplo paradigmático, não se repetirão…
Segundo: é oficial- Marcelo Rebelo de Sousa é recandidato à Presidência da República.
Será o candidato do espaço político da liberdade, patriota, que coloca os interesses da Nação Portuguesa sempre acima de quaisquer conveniências pessoais e partidárias.
De facto, na mensagem de hoje – que, repetimos, pelo facto de ter sido antecipada para o almoço matou politicamente o texto de António Costa -, Marcelo, em mensagem do ano 2020, antecipou a Presidência portuguesa da União Europeia que ocorrerá em 2021, abrangendo o período temporal das eleições presidenciais.
Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o valor da estabilidade política como pressuposto do sucesso da Presidência portuguesa – ou seja, entre outros corolários, é importante os portugueses manterem o inquilino do Palácio de Belém.
Ora, Marcelo Rebelo de Sousa aconselha os portugueses a manterem o actual Presidente da República: ele próprio.
Se Marcelo Rebelo de Sousa aconselha os políticos e o povo a manterem a estabilidade, tendo em vista o sucesso da nossa Presidência do Conselho Europeu, então, por maioria de razão, ele próprio terá de ser consequente: tem a obrigação de se recandidatar nas próximas presidenciais.
Tudo isto dito e ponderado, a conclusão é única e inevitável: nos primeiros dias de Outubro do novo ano, Marcelo Rebelo de Sousa anunciará a sua recandidatura ao Palácio de Belém – a qual já está mais do que decidida no seu espírito.