O preparador físico de Jorge Jesus no Sporting, Mário Monteiro, relembrou alguns dos episódios que antecederam o ataque à Academia de Alcochete, na 18.ª sessão do julgamento da invasão, e que envolvem o ex-presidente leonino Bruno de Carvalho
Segundo Mário Monteiro, que foi agredido no abdómen durante a invasão, por uma tocha, no dia anterior ao ataque, Bruno de Carvalho disse à equipa técnica que graças a si “uma catástrofe” tinha sido impedida, depois de este ter conseguido acalmar as claques, que “queriam as moradas dos jogadores”.
“O presidente disse que esteve até às seis da manhã a aturar as claques, que tinha a mulher e a filha a chorar, e que foi ele que fez com que nada acontecesse aos jogadores durante a noite, depois do jogo da Madeira, e disse: 'Vocês nem sonham o que estava a ser preparado'", referiu Mário Monteiro, em tribunal, citado pela agência Lusa.
Bruno de Carvalho esteve reunido com alguns elementos da direção do Sporting e a equipa técnica, depois do jogo contra o Marítimo, em que a equipa dos leões perdeu por por 2-1. Mário Monteiro afirma que a atitude do então presidente foi "surreal" e que "nunca tinha visto uma coisa daquelas", em 26 anos de carreira.
Segundo o preparador físico, a equipa técnica foi "motivo de chacota" e mencionou algumas das afirmações de Bruno de Carvalho durante a reunião. "O senhor presidente chegou a dizer ao treinador: 'Oh Jorge, estás tão preocupado com a Taça, sabes o que significa para mim a Taça de Portugal? Para mim, a Taça de Portugal é como nascer um furúnculo no rabo'", disse.
Bruno de Carvalho é acusado de ser um dos autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes classificados como terrorismo.