Na casa de Cristina Ferreira não se fala só de cozinhados e modas – Catarina Martins aproveitou a ida ao programa da SIC não só para recordar momentos das infância e o percurso profissional, mas também para falar sobre o Orçamento do Estado e violência doméstica.
“Quis vir ao programa por duas razões: a Cristina é a mulher com o programa mais visto neste momento neste país e que afirmou publicamente – e fez capa de uma das suas revistas – ser defensora da causa de combater a violência doméstica”, explicou a coordenadora do Bloco de Esquerda. Catarina Martins lembrou que o ano de 2019 terminou com a morte de 30 mulheres em contexto de violência doméstica.
“Todos os anos dizemos que isto tem de mudar… Há muito a fazer em relação a este assunto em Portugal”, defendeu a bloquista, alertando para a necessidade de penalizar os juízes e as autoridades que “não compreendem” este problema, numa alusão ao juiz Neto de Moura, que usou a Bíblia para justificar atos de violência contra mulheres. O juiz processou a coordenadora do BE em maio do ano passado por esta ter dito que “juízes assim fazem um mau serviço ao país”. “Ainda estou à espera do processo e continuo a dizer o que disse”, disse a líder do Bloco a Cristina Ferreira.
Catarina Martins aproveitou também para falar sobre o Orçamento do Estado para 2020, que começa a ser discutido amanhã no Parlamento. A deputada mostrou como a votação deste documento pode ter impacto na vida das populações: “as pessoas compreendem o que é ter mais salário ou menos salário, mais pensão ou menos pensão. Percebem o que é a fatura da luz ser mais cara ou mais barata e o que é que isso quer dizer na pensão ou no salário que fica até ao fim do mês, depois de pagar as contas todas”.
O problema, sugeriu a coordenadora do Bloco, é o facto de os partidos não estarem todos a debater os mesmos assuntos, o que pode gerar alguma confusão nas pessoas. “Os partidos têm prioridades diferentes, às vezes é um bocadinho um diálogo de surdos”, afirmou.
Recorde-se que o Bloco de Esquerda anunciou no sábado passado que não iria votar favoravelmente no Orçamento do Estado para 2020. O voto contra ou a abstenção dependeria das negociações entre o partido e o Governo.