Ana Loureiro foi uma das mais recentes convidadas do programa da TVI “A Tarde é Sua”, apresentado por Fátima Lopes, onde falou da sua história de vida, e da sua antiga profissão, que a ajudou a criar os os seus dois filhos e na luta contra o cancro: a prostituição.
Depois de se ter divorciado do marido, há doze anos, Ana Loureiro enfrentou diversas dificuldades económicas. "Um dia cheguei a casa e não tinha nem água, nem luz. Dava água com pão aos meus filhos. Os meus filhos não podiam pagar por eu não ter possibilidades. Se arranjasse um emprego, na altura o ordenado mínimo nacional eram 400 e poucos euros. Se arranjasse dois ia ganhar 800 e tal, só a minha renda são 500. Não recebo pensão de alimentos, o Estado nunca me ajudou, nem nunca forçou o meu ex-marido a pagá-la", explicou.
A mulher decidiu então entrar no mundo da prostituição, com o intuito de conseguir ganhar dinheiro para si e para os seus filhos. Ana Loureiro começou a trabalhar na casa Michelle e assistentes, que apelida de “melhor casa do país”. Quando Fátima Lopes a questionou sobre como foi a sua primeira vez enquanto prostituta, a mulher deixou a apresentadora estupefacta: "Foi horrível. Foi com um padre".
"Ele dizia o que era, todas as raparigas sabiam. O relacionamento que ele tinha connosco era: pagava uma hora, tomava banho connosco, que era obrigatório, mas nem nos tocava, depois íamos para o quarto, virava-nos de costas para ele na cama, nem olhava para nós, ficava a tocar-nos durante uma hora e só dizia: 'vá, tem calma, o senhor padre vai desculpar-te'", contou. "Que horror. Estamos a falar de um homem que se calhar era pedófilo", reagiu Fátima Lopes.
Hoje em dia, Ana Loureiro é proprietária de uma casa de prostituição em Lisboa e tem lutado pela legalização da atividade em Portugal. "As duas primeiras semanas custa muito, esta é a realidade. Mas quando temos um objetivo e começamos a pagar contas, começamos a ver que tudo se está a organizar. Quando começamos a concretizar tudo o que não estava ao nosso alcance, daquela porta para fora, nós esquecemos. Quando estamos lá dentro somos uma personagem e quando saímos somos nós próprias", explicou.