Esta semana começou oficialmente o julgamento do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na câmara alta do Congresso. O Senado norte-americano vai decidir se o Presidente deve ou não ser destituído por abuso de poder e obstrução à investigação do Congresso. Contudo, Trump parte com a vantagem de a maioria dos senadores ser do seu partido, quando é necessário uma maioria de dois terços para que perca o cargo: ou seja, pelo menos 20 senadores republicanos teriam de se virar contra o Presidente. No entanto, se o resultado é previsível, isso não significa que não haja surpresas – ainda esta semana a acusação divulgou novas provas. O processo será dirigido pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o juiz John G. Roberts, – os 100 senadores juraram esta quinta-feira «fazer a justiça de forma imparcial».
Entretanto, democratas e republicanos continuam a discutir sobre a apresentação de novas provas e testemunhas no julgamento, para lá das apresentadas na Câmara dos Representantes. O líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, anunciou em conferência de imprensa que vai tentar forçar um voto quanto ao assunto esta terça-feira, para pressionar os republicanos a aceitar. «A gravidade destas acusações é evidente. A Casa dos Representantes acusou o Presidente de tentar extorquir um líder estrangeiro para ganho pessoal», acrescentou Schumer.
Recorde que os democratas acusam Trump de pressionar o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, para que este investigasse o filho de um dos rivais políticos de Trump, Joe Biden, numa polémica chamada telefónica que foi revelada. O presidente dos EUA é acusado de usar como moeda de troca 391 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia, congelados nas semanas anteriores, bem como um encontro na Casa Branca com o seu homólogo ucraniano, que na altura estava em negociações com Moscovo e beneficiaria da imagem de apoio dos EUA.
Já a acusação de obstrução do Congresso é relativa à ordem dada por Trump aos membros da sua Administração, para que não testemunhassem perante a a Câmara dos Representantes, que tem uma maioria de democratas. Afinal, o Presidente referiu-se frequentemente ao processo contra si como uma «caça às bruxas». «Foi um processo partidário evidente do início ao fim», concordou o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, esta quinta-feira, quando as acusações chegaram à câmara alta. Será McConnell o homem encarregue de manter a disciplina entre os representantes do partido de Trump.
Novas provas
Importa lembrar que os crimes por que Trump está acusado não se limitam à polémica chamada telefónica com Zelenski: o Presidente é suspeito de usar o seu advogado pessoal, o ex-presidente da Câmara de Nova Iorque Rudy Giuliani – que por sua vez terá usado como intermediários outros elementos para pressionar responsáveis de Kiev. Sempre com o objetivo de que estes forçassem provas de crimes de corrupção praticados pelos Biden.
Um dos nomes apontados como cúmplice de Rudy Giuliani é o do empresário Lev Parnas, que está a ser investigado por branqueamento de capitais. Lev Parnas partilhou com o Congresso desde que a investigação teve início mensagens de telemóvel alegadamente trocadas com Giuliani e que a serem verdadeiras podem significar uma pedra no sapato para este homem de confiança de Trump.