As autoridades chinesas atualizaram esta segunda-feira o número de doentes infetados com o novo coronavírus associado a quadros de pneumonia grave. Segundo o novo balanço, até ao momento há 205 casos confirmados e o virus já provocou três mortes. O epicentro da infeção – que tem feito soar os alarmes dada a semelhança com o coronavírus SARS, que entre 2002 e 2003 vitimou 800 pessoas no espaço de seis meses – continua a ser a cidade de Wuhan, mas já foram detetados casos em Pequim, Shanghai e Guangdong. Foram também confirmados quatro casos fora da China, dois na Tailância, um no Japão e outro na Coreia da Sul.
A origem da doença ainda está a ser investigada, sendo que a grande maioria dos casos foram ligados a um mercado de peixe e marisco em Wuhan, encerrado desde o início do ano. A hipótese mais provável é o contágio a partir de animais infetados, sendo que os morcegos são os principais hospedeiros de coronavírus.
As autoridades chinesas confirmaram também novos casos de transmissão entre humanos, o que reforça a evidência de contágio entre pessoas, mas os responsáveis acreditam que esse risco é limitado. Zhong Nanshan, líder da equipa de investigação da Comissão Nacional de Saúde chinesa, adiantou esta segunda-feira ao “Daily China” que foram registados dois casos de transmissão humana na província de Guangdong, pessoas que adoeceram sem nunca ter estado em Wuhan e que terão contraído o vírus de familiares recém-regressados da cidade. Zhong Nanshan revelou também que já há houve casos de profissionais de saúde infetados. Quanto ao aumento dos casos notificados, que triplicam neste último balanço, o responsável explicou que se prende essencialmente com um novo método de teste de casos suspeitos, mais eficaz, e de intruções às autoridades para que notifiquem os casos logo que haja dois testes positivos a confirmar o novo vírus, classificado como 2019-nCoV. Até aqui a confirmação estava dependente da intervenção do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China.
Apesar de ser previsível que os casos continuem a aumentar, Zhong Nashan descarta um cenário como o que se viveu há 17 anos com o SARS, que chegou a 37 países e afetou mais de 8000 pessoas. “Identificámos o novo virus apenas duas semanas depois de ter sido detetado o surto e temos medidas muito boas de monitorização e quarentena”, disse ao mesmo jornal. “Acredito que o surto não terá o impacto na sociedade e na economia que o SARS teve há 17 anos”.
Europa, em alerta, considera que risco de importação do vírus é baixo
O Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) reforçou esta segunda-feira que o risco de introdução do vírus na Europa é considerado baixo. Ainda assim há três aeroportos na UE com voos diretos para Wuhan e outras ligações indiretas e o organismo reconhece que as celebrações do ano Novo Chinês no final do mês vão aumentar o número de viajantes quer dentro da China quer para o estrangeiro, o que aumenta a probabilidade de chegarem doentes infetados à Europa.
A Direção Geral da Saúde reforçou também esta tarde a informação veiculada pelo ECDC, considerando no entanto que “da investigação em curso não há evidência, até à data, de transmissão pessoa-a-pessoa sustentável.” Em comunicado, a DGS diz estar a acompanhar a situação, reforçando as recomendações para os viajantes que tenham como destino a região da China afetada pelo vírus. Devem evitar contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, evitar contacto com animais e adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo).