Operação Tutti Frutti. Antigo agente da PJ investiga favores políticos

Egídio Cardoso fica responsável pelas contas deste caso que investiga uma alegada teia de corrupção

O Ministério Público (MP) entregou a pasta da análise das contas do caso Tutti-Frutti a Egídio Cardoso, um antigo agente da Polícia Judiciária que se encontrava agora reformado, devido a falta de recursos dentro desta força policial. A informação é avançada pelo Jornal de Notícias, que conta que o MP justifica esta delegação com atrasos nas perícias.
Egídio Cardoso é um antigo diretor da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística (UPFC) da Polícia Judiciária, que está reformado há mais de um ano, e que ficará agora encarregue das contas do caso Tutti-Frutti.

Segundo o JN, a Procuradoria Geral da República adiantou que o MP tomou “as medidas adequadas e previstas na lei para salvaguardar o melhor andamento dos processos e os interesses da investigação”.

Recorde-se que a investigação desta operação remonta a 2017, sendo Carlos Eduardo Reis, antigo conselheiro nacional do PSD, o principal suspeito desta alegada teia de crimes de corrupção, participação económica em negócio, tráfico de influência e eventual financiamento político, que envolvem ainda outras personalidades do PS e do PSD. No centro da operação estão adjudicações superiores a um milhão de euros de juntas de freguesia de Lisboa a militantes destes dois partidos.

Carlos Eduardo Reis é dono de uma empresa da área da jardinagem, em Barcelos, e é indiciado de ter obtido contratos duvidosos de autarcas, essencialmente do PSD, entre outros crimes. Para além deste, Luís Newton, presidente da Junta de Freguesia da Estrela, em Lisboa, é um dos outros principais suspeitos. 

Já em novembro de 2018, Sérgio Azevedo, antigo deputado do PSD, foi constituído arguido após terem sido encontrados emails comprometedores, onde eram dadas instruções detalhadas a empresários amigos sobre como poderiam assinar contratos por uma das juntas de freguesia de Lisboa.

O processo deu formalmente entrada na UPFC em 2017, liderada por Egídio Cardoso, e já no final de 2018, quando este se preparava para se reformar, a investigação não tinha ainda sido entregue a nenhum especialista desta unidade. Mais tarde foi entregue a um especialista superior da PJ, que teve agora que o entregar a Egídio, por ordem do MP, que irá ser pago “por fora”.