«A simplicidade é o ultimo grau de sofisticação».
Leonardo da Vinci
Cumpre-se hoje uma semana que Rui Rio foi reeleito presidente do PSD. Numa segunda volta e em eleições diretas disputadas com Luís Montenegro. Desde o dia seguinte à sua vitória clara e inequívoca, Rui Rio tem estado fora do circuito mediático quotidiano. E bem. Sem que isso signifique que tenha estado desatento ao que se tem passado no país. Vide a posição tomada pelo PSD sobre o ministro da Administração Interna e o seu antagonismo com os polícias.
No espaço dos media tradicionais e nas redes sociais, nesta última semana, foram publicados alguns artigos de opinião de militantes do partido, reproduzidos amplamente nas redes sociais, sobre os resultados das eleições diretas.
Quase todos de habituais contestatários de Rui Rio. Sim: contestatários. Porque ser contestatário não é o mesmo que ser crítico. No PSD, a liberdade de convergir e a liberdade de divergir são o sal e a pimenta de um partido político interclassista e basista, com uma forte ligação ao país real.
A soma desses artigos de contestatários (e as declarações de outros contestatários na noite eleitoral em direto nalgumas televisões) permite-nos aquilatar o azedume pela derrota do seu candidato e o escárnio pela vitória do atual presidente. Com um fio condutor que facilmente se poderá traduzir por: ‘a guerra continua’. Com muita acrimónia pelo meio, com as contradições habituais e com a argumentação própria de quem quer alimentar – e muito – a divisão e a discórdia.
Dir-me-ão que isso vale o que vale. É capaz de ser verdade. Mas a condição de contestatários permanentes não pode ser confundida com o estatuto de reservas políticas do PSD, nem pode continuar a servir para dar estatuto de senadores de um partido politico que tem servido Portugal e os portugueses de forma responsável, credível e positiva nos últimos mais de quarenta anos.
É por isso que devemos distinguir entre contestatários e críticos. Numa qualificação simplista e generalista, parece tudo igual. Mas não é. Ser crítico é ter uma atitude e comportamento construtivos e seletivos, em razão das matérias que se julgam ser prioritárias para o país e para o PSD. Todos nós já fomos e somos críticos, até de nós próprios. E não só pela negativa mas também pela positiva. Ser contestatário é outra coisa: é ser-se agitador quase cego e surdo em relação ao que nos rodeia, com propósitos quase sempre de fixação pessoal ou de grupo, a toda a hora, de dia e de noite, até à exaustão. De uma forma obsessiva e onde vale quase tudo. Até não respeitar regras e instituições.
Para as extremas-esquerdas e alguma esquerda radical, ser contestatário tem outro nome: revolucionário.
Mas enfim. Uma semana passada, o país percebeu que tem no PSD um líder que, como todos, tem defeitos e virtudes. Mas que está bem preparado para ser, além de líder da oposição, primeiro-ministro de Portugal e dos portugueses. Um homem com provas dadas. Na vida familiar, profissional e na vida pública, enquanto servidor público.
Foi por isso que mais uma vez foi eleito presidente do maior partido político da oposição em Portugal. Um homem que, em momento muito difícil para o PSD, deu ao seu partido de sempre um resultado que lhe permite assumir a condição de alternativa responsável, credível, esclarecida e combativa à governação socialista. Aliás, para alguns dos seus detratores, faz sentido recordar que, nas últimas eleições legislativas, Rui Rio, enquanto número dois da lista do Porto, venceu nesse importantíssimo círculo eleitoral o PS do primeiro-ministro António Costa.
A vitória de Rui Rio nas eleições diretas de há uma semana foi uma vitória contra o circuito mediático. Quem nos últimos meses viu, ouviu e leu com paciência o que por lá se ia dizendo, ficava com a convicção de que ou ia perder ou que estava tudo muito empatado. Sobretudo nos media que não vão desistir de contribuir para a vitória de determinados setores que já dominaram o PSD. Mas voltaremos ao assunto.
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