Portugueses vão ser retirados de Wuhan com a “maior brevidade possível” e não terão de pagar viagem

Embaixada de Portugal em Pequim informou hoje os portugueses retidos na cidade de que os custos da viagem serão repartidos entre os Estados. DGS diz que medidas de isolamento vão depender de avaliação à chegada.

Os portugueses em Wuhan, a cidade chinesa no epicentro do surto do novo coronavírus, estão ainda a aguardar informação sobre a viagem para Portugal. Esta terça-feira ao final do dia (são mais oito horas em Wuhan) o grupo de portugueses, que tem estado em contacto com as autoridades portuguesas, recebeu um comunicado da Embaixada de Portugal em Pequim com um ponto de situação sobre as diligências feitas durante o dia com vista ao repatriamento.

“Embora tenhamos toda a confiança nas medidas de prevenção à propagação de coronavírus pelas autoridades chinesas, prosseguimos todos os contactos já anteriormente em curso para retirar com a maior brevidade possível todos os cidadãos portugueses retidos na Província de Hubei e isto para corresponder ao pedido de apoio que nos dirigiram para o seu repatriamento”, indica o comunicado, a que o i teve acesso. “Hoje foi um dia de intensos contactos com Lisboa, em Pequim e com Wuhan os quais permitirão que em breve possamos informar-vos com rigor quando e como serão retirados de Wuhan”.

O mesmo comunicado informa os portugueses de que, tratando-se de uma operação de repatriamento conjunta com outros países europeus, os custos serão repartidos ente os Estados e não entre os cidadãos participantes. A Embaixada já tinha informado os portugueses que de que o plano passa pela retirada por via aérea, mediante o fretamento de um avião civil.

Entre viajantes e residentes estão sinalizados 20 portugueses em Wuhan e 14 manifestaram vontade de regressar a Portugal dada a evolução do surto. Um dos portugueses na cidade relatou ao i que, seis dias depois do início da quarentena, que proibe deslocações para fora de Wuhan, é raro ver pessoas na rua ou carros a circular, sendo as saídas de casa limitadas ao estritamente necessário. O uso de máscara é obrigatório.

A diretora-geral da Saúde explicou esta segunda-feira que os portugueses estarão sob observação durante um período de 15 dias. Graça Freitas adiantou já esta terça-feira que as medidas de isolamento vão depender de uma primeira avaliação à chegada ao país, afastando um cenário de quarentena. "A primeira coisa que temos que perceber quando chegarem é o risco que têm de poder ter contraído uma infecção. Se o risco for muito pequeno não se tomam medidas”, disse à agência Lusa.

Vários países estão a tratar do repatriamento de cidadãos em Wuhan, sendo que em Itália, que tem 60 cidadãos sinalizados na cidade, o plano passa por um período inicial de 14 dias de quarentena noutra cidade chinesa. Já o governo japonês informou esta terça-feira que o avião fretado para retirar japoneses de Wuhan sairá ainda hoje de Tóquio. Os Estados Unidos tencionam retirar “centenas” de diplomatas e cidadãos retidos na cidade na quarta-feira, mas o Boeing tem 250 lugares e a imprensa norte-americana já adiantou que os passageiros poderão ter de assumir os custos da viagem.

O último balanço das autoridades chinesas dá conta de 4474 casos confirmados na China Continental e 107 mortes. Hong Kong identificou oito casos importados e Taiwan cinco. O novo coronavírus já foi detetado em 16 países e há já dois casos de doentes que não estiveram na China. O primeiro caso de transmissão local foi detetado no Vietname e o segundo foi confirmado esta terça-feira na Baviera, onde um alemão de 33 anos terá contraído o vírus depois de ter participado numa formação no seu local de trabalho onde esteve também uma funcionária da firma de Xangai e que só no regresso à China começou a ter sintomas de infeção respiratória. O caso alemão vem reforçar as suspeitas de que o contágio pode acontecer mesmo quando o vírus ainda está em incubação e não existem sintomas de doença.