A Organização Mundial de Saúde declarou esta quinta-feira o surto do novo coronavírus uma emergência de saúde pública de importância internacional. A decisão foi anunciada por Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da OMS, que sublinhou que a decisão resulta essencialmente de haver um número crescente de casos fora da China e de um surto poder ser potencialmente grave em países que tenham serviços de saúde menos robustos.
Ghebreyesus sublinhou duas vezes que não se trata de um sinal de desconfiança para com a capacidade da China para conter o surto. "Só poderemos travar este surto juntos. É o tempo para factos e não medo. Para ciência e não rumores. Para solidariedade e não para estigma".
O responsável reconheceu que a evolução da epidemia na China, onde estão agora confirmados mais de 8000 casos, e a forma como o país conseguiu detetar o surto é impressionante.
A decisão foi tomada naquela que foi a terceira reunião do comité de emergência da OMS sobre o novo vírus, depois de na semana passada os peritos se terem mostrado divididos sobre o risco de propagação global. Entretanto já foram confirmados 98 casos fora da China, a maioria doentes que viajaram do país, mas já houve casos de contágio no Vietname, Alemanha e Japão. Os EUA confirmaram também hoje o contágio de um médico que atendeu um doente que manifestou sintomas na China.
Esta é a sexta declaração de uma emergência de saúde pública de importância internacional desde que a figura foi criada em 2005, precisamente depois da epidemia do coronavírus SARS, da mesma família deste novo vírus, que foi igualmente identificado na China e alastrou a 37 países, vitimando mais de 800 pessoas.
O número de casos de doentes infectados com o novo vírus já ultrapassa o da epidemia de há 17 anos, mas até ao momento a taxa de mortalidade parece ser menor – há registo de 170 vítimas mortais, cerca de 2% dos doentes infectados, quando na epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Severa morreram 10% dos doentes. Ainda assim, o último balanço indica que em cerca de 8200 casos a nível global, mais de 8000 na China, apenas 143 doentes estão curados e mais de mil estão em estado grave. A primeira declaração de emergência de saúde pública de importância internacional foi para o vírus H1N1, em 2009, que viria a ser declarado uma pandemia, o que não é o cenário para já em causa para este novo vírus. O alerta repetiu-se com a epidemia de ébola em 2014, com a crise do zika e mais recentemente com a epidemia de ébola que começou em 2018 na República Democrática do Congo.
O diretor-geral da Saúde sublinhou que não há necessidade de medidas que interfiram desnecessariamente com viagens e comércio com a China.
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