O Governo chinês admitiu, esta sexta-feira, ter sido demasiado lento a reagir ao surto do novo coronavírus que já levou à morte de 213 pessoas. O presidente de Wuhan, Zhou Xianwang, reconheceu não ter divulgado “a tempo” o surto e admitiu não ter utilizado “da forma mais eficaz” a informação conhecida para o controlar, citado pela CCTV.
Ma Guoqiang, secretário municipal do Partido Comunista de Wuhan, também se mostrou arrependido da falta de ação por parte do Governo. “Neste momento, sinto-me culpado e com remorsos” disse. “Se medidas tivessem sido tomadas mais cedo o vírus não se tinha propagado tanto”, acrescentou.
O vírus já chegou a 23 territórios e levou a Organização Mundial de Saúde a lançar um alerta de uma emergência global. Vários países fecharam as suas fronteiras com a China Continental, várias companhias aéreas cancelaram já centenas de voos e mais de 50 cidades encontram-se sob quarentena.
Várias notícias têm sugerido que a China está a ocultar o verdadeiro número de infetados e de vítimas mortais do novo coronavírus. Recorde-se que estas acusações de encobrimento ganham especial relevância, depois de se ter sabido que em 2002, o Governo chinês ocultou durante algum tempo, a existência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) à própria população.
Segundo o canal Initium, com sede em Hong Kong, vários trabalhadores do continente chinês afirmam que os corpos das vítimas estão a ser cremados sem serem identificados adequadamente, o que significa que há pacientes a morrer devido ao novo coronavírus mas que não são adicionados ao registo oficial de vítimas mortais.
William Yang, repórter na Ásia do site de notícias Deutsche Welle, disse que existem "razões para permanecer cético sobre o que a China tem compartilhado com o mundo". "Embora tenham sido mais transparentes sobre certas coisas relacionadas ao vírus, eles continuam a dar poucos detalhes", afirma Yang.