Coronavírus. O mundo em alerta

Diretora-geral da Saúde afirma que o novo vírus está a ser monitorizado hora a hora e que o importante é garantir a contenção. Sobre a realização de testes aos portugueses repatriados, a decisão não está fechada.

Coronavírus. O mundo em alerta

Se há coisa que não existe sobre o novo coronavírus é certezas. Ontem, as autoridades portuguesas ainda não tinham fechado a abordagem a fazer ao grupo de nacionais que chegará a Portugal proveniente da cidade chinesa de Wuhan, o epicentro da doença. «Sabemos as medidas essenciais de contenção a tomar», disse ontem a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, salientando, porém, que a abordagem concreta – por exemplo, se será ou não proposta a quarentena voluntária – só ficará definida mais próximo do momento em que o avião que traz os dez portugueses repatriados estiver prestes a aterrar: «Estamos a estudar hora a hora. Esta é uma epidemia online».

E nem mesmo a realização de testes, disponíveis no Instituto Dr. Ricardo Jorge e que já permitiram detetar o vírus em pessoas que não tinham ainda sintomas, em países como o Japão, é para já uma certeza. «Não há unanimidade em relação aos testes», assegurou ontem Graça Freitas, acrescentando que a decisão será a que tiver mais ‘votos’: «O que os especialistas disserem, a Direção Geral da Saúde fará».

Para já, fica a garantia de que o Governo, através do Ministério da Saúde, vai disponibilizar locais de isolamento profilático voluntário – em Lisboa, no Hospital Pulido Valente e no Porto no Hospital Militar – onde os portugueses repatriados poderão vir a ficar se assim for definido.

 

Boa notícia: o coronavírus é um vírus que mata pouco

De entre as poucas certezas que foram dadas está o reforço da capacidade de prontidão e resposta em Portugal, depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado estado de  emergência de saúde pública global. Graça Freitas explicou ontem que nesta fase, países como Portugal devem «reforçar as suas medidas para contenção».

Como Portugal está na fase de contenção, o que mudou com a declaração do estado de emergência pela OMS foi o «nível de alerta».

Segundo a responsável, quando emergem estes novos agentes, os países devem ter a primeira fase de contenção e só depois, se se justificar, uma segunda de mitigação.

Lembrando que este é um vírus novo e que por isso o ser humano não tem imunidade, Graça Freitas aproveitou a conferência de imprensa de ontem para tranquilizar o país, dizendo que também existem boas notícias. A diretora-geral da Saúde explicou que apesar de haver um número crescente de países onde a doença tem vindo a ser detetada, tem sido possível a sua contenção. «Os focos secundários da doença têm sido contidos», esclareceu Graça Freitas, dizendo que todos os países que receberam casos importados, mesmo que tenham tido pequenas cadeias de transmissão, têm conseguido conter a doença.

«A taxa de mortalidade tem-se mantido relativamente baixa para um vírus novo. E a taxa de letalidade não é muito alta», frisou.

 

Emergência de saúde pública declarada pela OMS

A Organização Mundial de Saúde declarou esta quinta-feira o surto do novo coronavírus uma emergência de saúde pública de importância internacional. A decisão foi anunciada por Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, que sublinhou que a decisão resulta essencialmente de haver um número crescente de casos fora da China e de um surto poder ser potencialmente grave em países que tenham serviços de saúde menos robustos.

Em Portugal, o plano de contingência foi ativado no passado dia 23 com três hospitais de prevenção para receber possíveis doentes (Estefânia e Curry Cabral, em Lisboa, e S. João, no Porto). Não foi implementado o rastreio de passageiros provenientes da China à chegada ao país, medida que continua a não ser recomendada pela OMS, ainda que tenha sido imposta em vários países. O rastreio de passageiros à saída continua a estar apenas recomendado para todos os aeroportos e portos chineses, com vista à deteção precoce de sintomas.

Também na quinta-feira, a Direção-Geral de Saúde publicou uma circular com orientações para lidar com possíveis casos suspeitos. Os hospitais e centros de saúde têm de afixar cartazes a alertar para os cuidados a ter por parte dos utentes que tenham estado recentemente em áreas afetadas pelo vírus e apresentem sintomas de infeção respiratória (febre, tosse ou dificuldade respiratória aguda).

*Em caso de suspeita deve contactar a linha Saúde 24:
808 24 24 24