A primeira semana na liderança não correu bem a Francisco Rodrigues da Silva. A polémica com Abel Matos Santos, que entrou para a comissão executiva do CDS no último congresso, atingiu o próprio líder e levou a várias demissões.
Abel Matos Santos apresentou a demissão cinco dias depois de rebentar a polémica sobre os textos que escreveu no Facebook com elogios a Salazar e à PIDE e em que chamou «agiota de judeus» a Aristides Sousa Mendes.
Na carta de demissão, Matos Santos aponta o dedo aos adversários internos fala numa« campanha negra» destinada a prejudicar Francisco Rodrigues dos Santos. «Sei bem que os ataques que me foram movidos para te prejudicar, foram feitos por alguns daqueles que perderam e que se prepararam para isto, para praticarem a baixa política, o que revela exactamente o que são. Tenho família, filhas e uma carreira profissional de mais de 20 anos que quero proteger e que levo muito a sério. Estes políticos, sem escrúpulos, não olham a meios para atingir os fins», escreve o centrista numa carta enviada ao presidente do CDS.
O fundador da Tendência Esperança em Movimento (TEM) não foi o único a demitir-se por causa desta polémica. Luís Gagliardini Graça, eleito para a comissão política nacional na lista de Francisco Rodrigues dos Santos, bateu com a porta por «não pactuar com uma campanha indecente contra a dignidade e o carácter de um homem» que muito respeita.
A primeira reacção da direcção foi tentar travar a polémica e segurar Abel Matos Santos com o argumento de que os textos que geraram a polémica são «afirmações antigas, algumas com mais de dez anos, agora repristinadas apenas com o firme propósito de prejudicar todo o CDS». Mas mesmo dentro do partido não faltaram pressões para que o polémico dirigente apresentasse a demissão. O ex-ministro Pires de Lima apelou ao novo presidente do CDS para que «tenha uma posição clara nesta matéria, retire a confiança política ao dirigente Abel Matos Santos pela gravidade das declarações que proferiu e que, como consequência, deixe de fazer parte da direção do partido».
Ex-líder do CDS critica Pires de Lima
As declarações de Pires de Lima, que foi vaiado no congresso pelos apoiantes do novo líder, não ficaram sem resposta. Ribeiro e Castro classificou a «tomada de posição» do ex-ministro da Economia como «muito deplorável» e insurgiu-se contra «uma condenação precipitada, sem audição, nem hipótese de defesa». O ex-presidente do CDS defendeu que «o CDS é um partido sem trancas e não gosta de exclusões e expulsões».