Não tendo embora a inteligência de OM, vou fazer hoje, neste texto, um exercício de imaginação psicológica. Assim, de eventos totalmente desgarrados entre si, tais como,
a) Um ‘consórcio internacional de jornalistas’ de geração espontânea (eventualmente divina) e altamente representativa dos sentimentos dos povos, mais poderoso que os “caducos sistemas militares e judiciais” a mudar o curso político do mundo;
b) Um hacker português com uma consciência e méritos sociais que o fazem uma referência mundial que mobiliza em seu favor os mais insignes fazedores de opinião em Portugal;
c) Um plano (só imaginado, claro está) dos EUA em promoverem no cone sul de África (Angola, Moçambique, Zimbabwe, Namíbia e África do Sul) a mesma epopeia caótica (de destruição humana, social e material diluviana) que já levaram ao Médio Oriente-Ásia Central e bacia do Mediterrâneo-Norte de África e, em preparação, às Américas do Sul e Central e à própria Europa Continental (Balcãs e Leste);
d) Um sistema político português que, finalmente, ao fim de mais de 40 anos de esforços abnegados, vê surgir a oportunidade de concretizar o sonho (referido pelo meu camarada Carlos Matos Gomes) de ‘Angola é Nossa!’.
e) Um sistema político angolano finalmente crente nos valores da ‘democracia liberal’, do ‘Estado de direito’ e dos valores de honestidade intrínseca (não corrupta) do capitalismo internacional, incluindo o FMI.
f) Declarações de responsáveis políticos portugueses sobre a necessidade de desenvolver os interesses da Nato (dos EUA) e da Europa (o apêndice sem voz ativa) no Atlântico Sul, no Mediterrânea e nos Bálticos…
Façamos, desses eventos desgarrados, repito, um exercício de imaginação psicológica segundo o qual tais eventos se unem numa ‘sequência de eventos’ perfeitamente coerente e programada.
Neste caso, fruto de mera imaginação psicológica, podemos pensar que poderíamos estar perante uma espécie de ‘25 de Novembro’ no sul de África, segundo o qual, alguns ‘moderados’ estariam a conter o extremismo das pretensões independentistas e, nesse quadro, a afastar os apoiantes deste ‘radicalismo’, de modo a conseguir impor uma via ‘progressista original’. Na sequência, como já aconteceu em outras latitudes, esses ‘moderados’ ficarão aptos a serem afastados/saneados pelos seus aliados do ‘estado de direito e do demo-liberalismo’ os quais, por sua vez, logo estabelecerão uma ordem secular (e pouco cristã) de dependência, exploração e atrocidades que só mentes perturbadas por um sentido patológico de ‘liberdade anti-Nato’ como Agostinho Neto, Samora Machel, Nelson Mandela e tantos outros puderam interromper.
Permita-me que discorde, Sr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, da sua opinião, expressa numa recente intervenção pública (talvez sugerida pelo MNE) sobre o interesse da Nato (diria eu, dos EUA) pelo Atlântico Sul, pelo Mediterrâneo e pelos Bálticos. A Nato e os EUA não têm nada a fazer no Atlântico Sul a bem dos povos, de Portugal ou da Europa; muito menos com o nosso apoio e cumplicidade ‘operacional’. Isto já sabiam Almeida Garret em 1830 (Portugal na Balança da Europa) relativamente aos ingleses, bem como Salazar e Franco Nogueira quanto aos interesses dos “sacanas dos aliados” em África. “Elementar, meu caro Watson”…
Na minha opinião, de acordo com os “mestres”, se o Sul da África se “desmanchar” em caos, a Portugal não restará outra alternativa senão da abdicação definitiva da sua existência como Nação e Estado Independentes e Dignos.
P.S. – (isso mesmo, P.S.): O nosso sistema político está tão degradado que até o Dr. Mengele (de Auschwitz) teve, lá na profundidade do Inferno, um sobressalto de alegria quando ouviu os comentários da ministra da agricultura (porventura vindos do interior seco da sua ‘racionalidade tecnocrática’) acerca das vantagens para Portugal derivadas da epidemia do coronavírus na China…