Crédito Agrícola: um banco privado de raiz portuguesa

«O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustrar-se-á quem pensar que nele encontrará riqueza». Carlos Drumond de Andrade

Um dos factos que marcaram a atualidade politica e económica desta semana foi o anúncio público e formal da venda do banco EuroBic ao banco Abanca. Depois de semanas de polémica sobre a venda do EuroBic, ficámos a saber que o banco de Isabel dos Santos, de Fernando Teles e de outros pequenos acionistas foi vendido a um banco espanhol com fortes raízes venezuelanas.

Os habituais coscuvilheiros do reino mediático têm clamado por que se saiba tudo sobre esta venda. Quem vendeu ao certo e por que percentagem; qual o valor da venda; como e onde irá ser paga essa verba; quantas agências vão ser fechadas; quantos postos de trabalho serão extintos, etc.
Para quem, como eu, participou há anos na criação de um movimento cívico sobre a banca portuguesa, chamando a atenção para a sua excessiva espanholização, não pode estar feliz com um negócio que entrega mais um banco aos nossos vizinhos espanhóis (e, na prática, também a venezuelanos). Poder-se-á dizer, neste caso, que poucas alternativas existiam no quadro dos ofertantes para a compra de um banco que tinha mesmo de ser objeto de uma venda rápida.

Do que se soube, um grupo de empresários do norte de Portugal fez tentativas para apresentar uma proposta de compra no sentido de o banco ficar em mãos portuguesas e ser mais direcionado para as PMEs. 
Mas o sistema vigente, que funciona em circuito fechado quanto às regras do direito regulatório e do direito bancário, impede que outras pessoas e players de fora do sistema possam aceder em pé de igualdade com quem lá está instalado. É um sistema que, com tanta regulação e regras e independências orgânicas e funcionais (compliance, risco, etc.), contribui cada vez mais para a existência de uma ‘aristocracia bancária’. A que só os de sempre podem pertencer. 
Se o sistema do passado (com falhas na regulação e más práticas, etc.) não fazia sentido, o sistema vigente, a não ser travado, fará com que qualquer dia em Portugal, para além de bancos estrangeiros, só haja gestores e diretores de bancos também estrangeiros. Quando existem – ao contrário da diabolização mediática exagerada vigente – bons presidentes, administradores e diretores de nacionalidade portuguesa em vários bancos.
Com a venda do EuroBic ao Abanca podemos ter resolvido um problema. E ainda bem. Mas não devemos nesta hora deixar falar dos bancos ainda verdadeiramente portugueses. E elogiar o que fazem todos os dias por Portugal e pelos portugueses.

Isto não é nacionalismo. É a afirmação de vários dos nossos valores mais ancestrais. Por exemplo, faz todo o sentido neste momento que se fale do banco mais português de Portugal: o Crédito Agrícola. Que é um dos maiores e melhores bancos portugueses. Que representa no nosso país o que de melhor a banca cooperativa faz na Europa e mesmo no mundo. Banca cooperativa esta que tem princípios diferenciadores em relação à banca tradicional, nomeadamente no apoio às comunidades locais e nas regras de integridade e solidariedade. E no mercado bancário europeu tem um relevante papel quer na concessão de crédito quer na captação de depósitos.
Em Portugal, a banca cooperativa trabalha há mais de um século em todo o território, sobretudo no continente. 
O Crédito Agrícola é o banco que tem a maior rede de agências do país, estando presente onde outros bancos ou nunca estiveram ou encerraram agências. Assumindo a sua missão de banco privado com funções públicas. E fazendo avultados investimentos na sua modernização a vários níveis: oferta de serviços financeiros diversificados, funcionalidades, imagem, etc.

E tudo isto acontece ao mesmo tempo que se internacionaliza paulatinamente, com parcerias em vários países. E sem descurar um papel social com apoios ao desporto, à cultura, solidariedade social, etc.
O Crédito Agrícola é uma das instituições com dirigentes e quadros que dão a certeza de um largo futuro.
E os seus resultados são garante de solidez e boa reputação. Tendo vindo cada vez mais a impor regras apertadas no que diz respeito ao combate a conflitos de interesses. 
Muitos portugueses não conhecem a importância que este banco tem tido – e tem – de norte a sul e do litoral ao interior do país, tendo vindo a reforçar a presença nos territórios mais urbanos e cosmopolitas, com oferta de serviços direcionados para as classes mais jovens e urbanas.
Licínio Pina e as suas equipas têm feito um bom trabalho num setor muito específico, que agrupa cerca de oitenta instituições locais. A somar a outros bancos e a presidentes, administradores e diretores que, no nosso país, têm vindo a fazer um bom trabalho para servir Portugal, a economia portuguesa e setores da sociedade mais desprotegidos, o Crédito Agrícola é um banco privado com raízes verdadeiramente portuguesas.
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