As ilhas Canárias ficaram cobertas por pó e areia vermelha, trazidos do deserto do Sara por ventos que ultrapassaram os 90 km/h nas ilhas de Lanzarote e de Fuerteventura, esta segunda-feira, segundo a Agência Meteorológica Estatal (Aemet) espanhola. É a pior tempestade de areia dos últimos 30 anos, segundo as autoridades de Espanha. A massa de ar quente seguiu para o arquipélago da Madeira, cuja costa sul atingiu ontem. Contudo, o período mais crítico será no fim da tarde de terça-feira, alertou o Observatório Meteorológico do Funchal. “Está prevista uma invasão de poeiras que, em princípio, vão reduzir a visibilidade”, disse à Lusa o diretor da agência portuguesa, Vítor Prior. “É uma massa de ar quente e seca, uma situação de leste, acompanhada de poeiras”, explicou.
O fenómeno meteorológico pode afetar o funcionamento dos aeroportos do Funchal e de Porto Santo, como ocorrido nas Canárias. No fim de semana foram encerrados os oito aeroportos do arquipélago por falta de visibilidade, levando ao cancelamento de mais de 800 voos. Milhares de turistas ficaram encurralados no popular destino de férias: 13,1 milhões de estrangeiros visitaram as ilhas Canárias em 2019.
Este fenómeno meteorológico dá pelo nome de calima: significa que estão na atmosfera partículas pequenas em suspensão – acontece frequentemente nas ilhas Canárias, mas raramente com estas dimensões. As consequências passam por irritação nos olhos, nariz e garganta, podendo causar problemas respiratórios a longo prazo.
Ao mesmo tempo, os ventos fortes dificultaram o combate aos incêndios florestais ativos no arquipélago, que afetaram mais de 300 hectares de terreno e obrigaram à retirada de cerca de duas mil pessoas. “Foi um fim de semana de pesadelo”, lamentou à TVE o líder do Governo regional, Ángel Víctor Torres.
Entretanto, a situação meteorológica melhorou na segunda-feira à tarde. À noite, muitos dos turistas encurralados nas Canárias começavam a regressar a casa, com a normalização do tráfego aéreo.