Operação Marquês. Advogado de Sócrates diz que intervenção do MP pareceu “uma aula de direito para as pessoas da rua”

“Aparentemente o senhor procurador está apaixonado pela acusação que fez e esteve horas a explicar o que escreveu”, aponta Pedro Delille.

Depois do debate instrutório, o advogado de José Sócrates criticou a atuação dos procuradores do Ministério Público e o facto destes não se terem debruçado sobre algumas provas e indícios que suportam a acusação da Operação Marquês.

“Fiquei surpreendido com as alegações do procurador na medida em que estava à espera que o Ministério Público se pronunciasse sobre as provas que tem, as evidências que tem para este processo para sustentar a acusação", declarou Pedro Delille à saída do tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa, citado pela Lusa. 

"Aparentemente o senhor procurador está apaixonado pela acusação que fez e esteve horas a explicar o que escreveu", acusou a defesa de Sócrates, afirmando que a intervenção do MP foi mais parecida a uma "aula de direito" para, como disse o procurador, "as pessoas da rua".

Pedro Delile aponta ainda o momento em que o próprio procurador reconheceu "que o dinheiro utilizado por Sócrates era produto de empréstimos, a única referência que fez sobre factos" da acusação.

O advogado acusa ainda a distribuição manual do inquérito ao juiz Carlos Alexandre, em setembro de 2014, que o procurador disse não ter sofrido qualquer irregularidade. "Esqueceu-se de que o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), a partir de setembro de 2014 passou a ter competência alargada" e mais do que um juiz.

"O TCIC não pode ter só um juiz porque é um tribunal que é competente não por qualquer facto, mas por decisão do Ministério Público, que decide enviar para lá os processo", afirmou o advogado.

"Ter feito como fez novamente o Conselho Superior da Magistratura ao transformar este tribunal de juiz único, em que não há distribuição e que o Ministério Público escolhe determinado tipo de processos para ser instruídos por Carlos Alexandre é um erro gravíssimo" acusa.

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