As autoridades alemãs vão aumentar a vigilância sobre o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, em alemão). Uma fação do partido, apelidada de "Der Flüegel" (qualquer coisa como "a Ala", em português) foi classificada como "entidade extremista" pelas secretas alemães, após um inquérito de 14 meses. O Gabinete Federal para a Proteção da Constituição (BfV, em alemão), encarregue a segurança interna e das ameaças à democracia alemã, verificou que a organização mantinha uma retórica extremamente xenófoba e racista, num país onde têm aumentado os ataques terroristas de extrema-direita, que já fizeram mais de duas dezenas de mortos desde 1990.
Segundo o BfV, cerca de 20% dos 35 mil membros da AfD fazem parte da "Der Flüegel", encabeçada por Bjoern Hoecke que também lidera o partido de extrema-direita na Turíngia. Foi neste estado que as ruturas internas dentro da União Democrata-Cristã (CDU, em alemão), deram de si. Os líderes locais da CDU apoiaram um executivo regional votando ao lado da AfD – rompendo o cordão sanitário à volta da extrema-direita, mantido pelos principais partidos alemães desde a Segunda Guerra Mundial. O desgosto da chanceler Angela Merkel ainda foi maior por a AfD ser liderada na Turíngia por Hoecke – um tribunal alemão declarou que era factual apelidá-lo de "fascista".
Ao ser considerado uma "entidade extremista" pelo BfV, as autoridades passarão a poder recrutar legalmente informadores dentro da "Der Flüegel", bem como a manter dados pessoais dos seus membros e monitorizar as suas chamadas. A excepção serão as discussões parlamentares tidas pelos membros da "Der Flüegel" que estejam entre os 91 deputados da AfD.