A conferência de imprensa das autoridades de Saúde, desta quarta-feira, começou com o secretário de Estado da Saúde, António Sales, a confirmar duas mortes devido à covid-19 em Portugal, a mais recente dirá respeito ao chairman do Santander Totta, Vieira Monteiro, cuja morte foi confirmada esta manhã.
Sem acrescentar muito sobre o assunto, António Sales referiu-se de seguida à situação em Ovar, onde na terça-feira foi declarado estado de calamidade. O secretário de Estado diz que é um caso que “inspira preocupação acrescida” e que esta foi “a melhor forma de proteger a saúde” de quem vive no concelho e terceiros.
“Ainda estamos no início do caminho”, disse, garantindo que o Ministério da Saúde está a tomar este tipo de decisões com base no “conhecimento e na melhor evidência científica” que dispõe.
Questionado sobre as queixas que continuam a chegar por parte dos médicos devido à falta de equipamento médico e material de proteção, Sales reiterou o que já tinha dito na conferência de ontem.
“Estamos a ir todos os dias ao mercado”, garantiu, voltando a dizer que até ao final desta semana serão distribuídos dois milhões de máscaras e cerca de 150 mil equipamentos de proteção individual. “A partir do principio da próxima semana este stock será reforçado”, acrescentou.
António Sales garantiu ainda que o Ministério da Saúde e a DGS estão a aceitar toda a disponibilidade dos hospitais privados que receberem, mas com uma visão estratégica. "Disponibilidade do setor privado tem de ser enquadrada na nossa estratégia. Estamos a estudar esse plano, ainda não recorremos, mas estamos a articular com os privados", disse.
Na mesma conferência, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, foi confrontada com a significativa redução quanto ao número de pessoas internadas por estarem infetadas. Dos 642 doentes estão internados 89 doentes, dos quais vinte estão nos cuidados intensivos. Segundo a responsável, a doença tem uma regra: 80/15/5.
“Esta doença tem uma regra: 80, 15, 5. Isto significa que 80% das pessoas podem estar em casa, em autocuidados; 15 em serviços de enfermagem; e cinco em cuidados intensivos. Ou seja, se as pessoas já apresentarem melhorias e tiverem condições em casa, serão enviadas para os seus domicílios", explicou.
A diretora-geral da Saúde admitiu ainda avançar com controlo de temperatura ou isolamento obrigatório para quem entre em Portugal vindo de países com covid-19.
"Estamos a equacionar controlo de temperatura à chegada e quarentena à chegada", admitiu Graça Freitas.
"O espaço aéreo vai ficar mais limitado", concluiu.
O secretário de Estado da Saúde revelou ainda que os idosos e doentes imunodeprimidos – categoria onde se inserem os doentes oncológicos – têm os seus tratamentos garantidos e terão prioridade face a outros doentes. “Vamos tentar separar doentes com sintomas de covid-19 dos outros doentes para não serem contaminados", disse.