A crise que vivemos em Portugal, decorrente da epidemia de covid-19, abalou fortemente a sociedade e exige um esforço de resiliência de todos. O isolamento e a distância social são fatores determinantes para ultrapassarmos esta emergência. Mas o distanciamento físico tem de ser compensado com a proximidade do apoio e acompanhamento, especialmente com os mais idosos ou vulneráveis e com aqueles que estão mais expostos em razão das missões que desempenham.
As medidas de isolamento definidas no âmbito da declaração do estado de emergência impõem restrições na liberdade de deslocação. Aos mais idosos e às pessoas com problemas de saúde é fortemente aconselhada a permanência em casa. Neste contexto, os hábitos de convívio social e até a possibilidade de acesso a serviços básicos são limitados.
Vivemos alterações profundas às rotinas habituais e ao modo de vida em sociedade que serão prolongadas (e até agravadas), provocando um fortíssimo impacto social.
A resposta das autoridades a esta crise tem sido visível, com a mobilização de meios, recursos e organização, num empenho que tem reunido o esforço dos profissionais de saúde, dos agentes de segurança e militares, com um apoio político unânime.
A sociedade, consciente da gravidade do problema e do papel determinante das suas atitudes na evolução desta epidemia, tem correspondido, de um modo geral, com o respeito pelas orientações transmitidas pelas autoridades.
Em reação ao pedido especial de isolamento dos mais idosos tem sido notável a disponibilidade dos vizinhos e das famílias que se propõem apoiar e acompanhar esse confinamento através do fornecimento de alimentos e medicamentos ou, simplesmente, através do contacto que serve de companhia na distância.
As instituições sociais estão mobilizadas no esforço conjunto da sociedade e desempenham um papel fundamental no apoio social, ainda mais exigente neste período e mesmo com o sacrifício da segurança dos colaboradores, prestando um serviço inestimável na mitigação desta crise.
As autarquias têm demonstrado o papel fundamental de proximidade das populações com a organização de diversas formas de apoio e medidas de apoio social aos cidadãos, ao comércio e às instituições locais, bem como na colaboração com as entidades nacionais no complemento à implementação de medidas sanitárias. Também do ponto de vista económico, as autarquias têm-se empenhado na aplicação de medidas que procuram diminuir o inevitável impacto nas empresas e instituições. Simultaneamente, as autarquias reorganizam-se de modo a manter a prestação dos serviços urbanos essenciais.
Neste contexto, as juntas de freguesia têm-se desdobrado no acompanhamento e apoio aos mais idosos através de serviços de entrega de bens essenciais, no apoio às instituições sociais, na manutenção de serviços urbanos e na divulgação de informação junto da comunidade.
Toda a sociedade, mesmo em isolamento, uniu-se e mobilizou-se de forma solidária no combate a esta epidemia que impôs mudanças drásticas no nosso modo de vida. Dia após dia, sucedem-se novas informações que obrigam a adaptações, correções e novas medidas. Por vezes, parece haver desorganização ou até contradição, mas é assim quando se lida com o desconhecido.
Por ora, é importante manter o empenho, o compromisso e a solidariedade. Vai ser um tempo longo em que a resistência e a esperança serão colocadas à prova. Trata-se de uma questão de vida ou de morte em que a atitude de cada um é decisiva.