A Ordem dos Médicos está a preparar um parecer sobre a tomada de decisões clínicas num cenário em que a epidemia nacional de covid-19 chegue a um ponto de limite de rutura dos meios disponíveis, nomeadamente no suporte em cuidados intensivos.
A questão entrou esta semana no debate nacional depois das decisões que vêm sendo colocadas aos médicos em Itália e Espanha e que têm vindo a ser objeto de publicações em jornais científicos, nomeadamente artigos de reflexão em torno da ética na racionalização de cuidados e no, limite, na decisão sobre que doentes tratar.
Ao SOL, Miguel Guimarães sublinhou que o parecer da Ordem está ser elaborado e será analisado pelos especialistas, sendo posteriormente homologado pelo conselho nacional, após a devida ponderação. Miguel Guimarães sublinha no entanto que estas não são decisões que se estejam a colocar no país neste momento. «Todos os doentes estão a ter cuidados intensivos de qualidade», garante.
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida ainda não se pronunciou sobre a crise de saúde pública que o país atravessa, ao contrário do que tem estado a acontecer já noutros países europeus. Já a Associação Portuguesa de Bioética defendeu que é urgente criar um quadro de priorização ética de admissão em cuidados intensivos.
A disponibilidade de ventiladores é um dos pontos críticos. Portugal tem atualmente 1142 ventiladores disponíveis e mais 500 ventiladores encomendados, uma situação que está a ser acompanhada diariamente por uma task-force de intensivistas e anestisiologistas, garantiu o secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales.