Num curto e rápido período de tempo, deparámo-nos com uma realidade desconhecida, com desafios de vária ordem, não nos sendo possível para já aferir, de forma fiável, as consequências humanas, sociais, económicas e financeiras que esta pandemia vai causar a Portugal e no mundo.
Há, no entanto, uma certeza inequívoca, um denominador comum entre todos nós, cidadãos, empresas, organismos públicos e privados: todos fomos surpreendidos, todos temos vindo a reagir e a esforçarmo-nos para ajudar o nosso país a recuperar, com uma firme determinação, de que tal só será possível se daqui em diante nos mantivermos juntos, coordenados e entrosados, atentos e capazes nos esforços de contenção desta pandemia.
O setor das telecomunicações é hoje um setor crítico para a continuidade do país, com as comunicações a revestirem-se de uma importância estratégica para o Estado, profissionais de saúde, para grande parte das famílias que estão em casa e para todos os profissionais em teletrabalho. Temos assim, a missão de ligar as pessoas ao mundo, seja na vertente profissional, seja na vertente de lazer. E este é um trabalho diário, contínuo e futuro.
Todos os dias deparo-me com um binómio difícil… por um lado, enquanto presidente da Altice Portugal, e por outro, enquanto pai, filho, marido, colega ou amigo. Se não abdico de proteger os colaboradores e as suas famílias, ao mesmo tempo considero que temos a obrigação, principalmente neste momento difícil, de estarmos na linha da frente, garantindo a necessária liderança, para a continuidade da nossa rede e serviços, capazes de sermos decisivos para o funcionamento do nosso país.
Perguntam-me constantemente: qual será o impacto na economia? Na empresa? Na sociedade e no dia-a-dia das famílias? Eu devolvo a pergunta: o que é que nós, enquanto empresas, podemos fazer para minimizar o impacto previsto? O que podemos fazer pelo país? Qual a nossa atual capacidade de investimento? Qual a capacidade das empresas e da economia?
Dando resposta ao mote desta rubrica, a verdade, é que não tenho nenhuma bola de cristal que me permita responder à questão fundamental de «como vai ser?». Na verdade, ainda é muito cedo para conseguirmos estabelecer cenários sobre o impacto desta pandemia nas nossas vidas.
No entanto, compete-nos a nós, empresários e gestores, garantir que o investimento continua, garantir que a atividade económica se mantém, procurar preservar os postos de trabalho e garantir, acima de tudo, que criamos a liquidez necessária para que a recuperação seja mais rápida e sustentável.
Na atual situação são fundamentais três vetores: agir com tranquilidade, parar para pensar e construir cenários. É fundamental que sejam desenhados cenários nas nossas empresas para os diferentes níveis de impacto que a crise poderá ter e assim, definir a melhor estratégia a adotar face aos mesmos. A nossa forma de atuação será fulcral para a contenção e atenuação desta crise, sendo também essenciais a nossa preparação, o nosso tempo de decisão e a capacidade de atuação. A agilidade e intensidade das medidas tomadas pode fazer a diferença em termos uma recessão ou uma depressão. A recessão é inevitável, a depressão não. Mas tal não depende apenas das Empresas, mas também das políticas estruturais, do Governo e das instituições europeias, ao nível económico, financeiro e social.
Mas isto não significa que os nossos planos do ponto de vista tecnológico e de investimento não continuem ao longo de 2020. A estratégia definida pela Altice Portugal para 2020 mantém-se. Vamos continuar a apostar em Portugal, vamos manter o investimento no país, vamos manter o nosso foco na qualidade de serviço. Temos como meta estratégica levar fibra ótica a pelo menos 5,3 milhões de lares, continuando este importante projeto de infraestruturação do país. Vamos manter-nos focados na nossa atividade, na estratégia de crescimento e na garantia de excelência na nossa rede e nos nossos serviços, fundamentais para o futuro do país.
O setor das telecomunicações continuará na linha da frente em Portugal. Lanço por isso um repto que mais do que necessário, torna-se hoje imprescindível: Juntos, vamos mais longe. Para aqueles que não sabem, este é o mote da Altice Portugal. Tem, portanto, para mim um significado muito importante, pois junta a razão, com a emoção e, até mesmo, com o coração. E é este o repto que quero lançar: irmos mais longe, juntos.
Dar o melhor em prol do bem comum, da paz social, em suma, dos portugueses e de Portugal. A partir de hoje progredimos com olhos postos no futuro. E progredimos mais fortes, mais conscientes.
Devemos ter orgulho, todos, nesse espírito de missão, de altruísmo, até mesmo de abnegação, a que fomos chamados. Personifiquemos em nós, a virtude de quem desbravou terras e mares, de quem fez de nós, homens e mulheres valentes e imortais. Heróis sem capa, como é costume dizer-se.
Sim, vamos juntos e juntos vamos mais longe!
Alexandre Fonseca. Presidente Executivo da Altice Portugal