O tema da despenalização da eutanásia saiu temporariamente da agenda política, porque a pandemia da covid-19 não permite espaço (nem esforços) para avançar com outras discussões ou avaliações. Do lado de quem defende um referendo sobre a eutanásia, o tempo também é de «quarentena». Porém Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa pela Vida, preferia que as iniciativas (já aprovadas na generalidade) a favor da despenalização, caíssem: «No meu entender seria esse o caminho a seguir», afirmou ao SOL um dos rostos da defesa do referendo.
«Se o resto cair, a iniciativa popular do cidadão também cai», afiança ao SOL a responsável. A sede da Federação que dirige ainda continua a receber assinaturas para um referendo, mas são, sobretudo, documentos que já estavam assinados antes de o País entrar em estado de emergência. «Também estamos em quarentena, pese embora continuemos a receber assinaturas na sede, porque têm sido enviadas, porque já estavam feitas [antes do estado de emergência]», afirma ao SOL, Isilda Pegado.
Quem organizou a iniciativa popular de referendo «aguardará o andamento dos trabalhos parlamentares sendo certo que o país passa por um drama, um drama entre a vida e a morte», acrescenta Isilda Pegado.
Questionada pelo SOL se defende que as iniciativas aprovadas no Parlamento deveriam ser abandonadas, Isilda Pegado começa por responder de forma cautelosa: «Não sou de dar lições de moral, mas aquilo que nós estamos a viver é muito grave, muito sério, e questiona-nos a todos sobre a questão da vida e da morte e levanta questões seríssimas sobre a bioética». E perante a insistência do SOL, a dirigente da Federação Portuguesa pela Vida, acrescenta que «quem teve a iniciativa poderá, deverá ou espera-se que tenha uma atitude responsável. (…) Cada um saberá e está sujeito ao julgamento público».