Na sequência da crise da covid-19, existirão para Portugal três grandes hipóteses de configuração do futuro, para além de todas as outras que se situam nos intervalos entre elas:
a. A solução ‘Saraiva’, do ‘patrão dos patrões’ portugueses, a qual consiste, nas suas palavras que escreveu no jornal SOL, em «libertar as empresas dos fatores que tornam excessivos os custos da atividade industrial»; numa interpretação mais explícita desta solução, a ‘economia’ deveria prevalecer às preocupações com a ‘Vida’, deixar morrer os ‘descartáveis’ e ‘libertar as empresas dos custos’ da TSU para os ativos, manter o Governo como governo ‘só do Estado’ e não do país (já que ‘tudo o resto’, sendo privado, não lhe seria aplicado qualquer ‘decreto’), e mesmo assim, um Estado só com polícias, juízes e prisões, para defesa da ‘propriedade’ e para convencer os trabalhadores a aceitarem as correntes da servidão.
b. A solução ‘Tudo como Dantes’, após o sobressalto, isto é, ir ao Centro Comercial, mudar para um carro moderno, elétrico e ‘inteligente’, passar férias num resort, ver a bola, muita bola, etc., conservando com diligência a nossa ‘vocação europeia e atlântica’. Como disse Rui Rio recentemente, a Europa deveria facultar-nos um «grande empréstimo sem juros e a 30 anos», de maneira que possamos cumprir as nossas ‘obrigações’; claro está que esta solução asseguraria os salários e lucros de toda a gente, trabalhadores e patrões. Afinal a covid-19 teria sido apenas um ‘sonho mau’!
Se, por acaso, não vier esse ‘grande empréstimo’ e apesar dos defensores da ‘prioridade Vida’ terem ganho o primeiro round, vai abrir-se uma ‘janela de oportunidade’ para os defensores da ‘prioridade economia-capital’ (os ‘saraivas’), que tudo farão para levar o povo ao tapete, a ‘morder o pó’! Vamos ver se conseguirão gerar uma ‘correlação de forças’ políticas, sociais e ‘de força bruta’ para isso. O ‘empréstimo’ só virá, mesmo que parcialmente, se outro bloco de forças se constituir e tiver condições para se afirmar; um bloco de forças que promova uma
c. Solução ‘Pela Vida e a Dignidade da Pátria Portuguesa’, assente na reinvenção da vida sociocomunitária, política, produtiva e distributiva, cultural, ambiental e Ética, que constitua uma espécie de Recomeço para Portugal. Esse novo ‘bloco de forças’, constituído por portugueses das mais variadas ‘correntes tradicionais’ (as que vêm dos séculos XIX e XX), ligados pelos Valores Éticos e o Patriotismo (inclusivo de todos), não deverá estar Contra a UE nem Contra ninguém a não ser Contra a Servidão e a Dissolução de Portugal enquanto Pátria dos portugueses e dos que nos queiram acompanhar. Mas não nos devemos deixar, nunca, imolar em nome de qualquer ilusão (incluindo a UE). Teremos de ser, no mínimo, autossuficientes nos planos alimentar, dos produtos industriais básicos de suporte à vida e à produção nacional, no plano energético e das comunicações, caminhar para a menor dependência financeira, ter um Estado construído ‘de baixo para cima’ e um Governo que governe o país e não só o Estado, umas forças armadas e de segurança ‘fundidas’ com o povo, um sistema de aplicação da Justiça e não do Direito (do mais ‘forte’), rejeitando todas as normas e critérios que se oponham ao nosso caminho Livre e Soberano.
Não nos esqueçamos, porém, que os ‘saraivas’ nunca irão desistir e que a Reconquista da Soberania e da Dignidade vai exigir-nos muitos sacrifícios de toda a ordem. Mas Valerá a Pena!