Carmen Garcia, enfermeira no Hospital do Espírito Santo, em Évora, partilhou uma mensagem nas redes sociais sobre a luta diária que o setor enfrenta no combate à pandemia de covid-19, sublinhando que o Governo está a oferecer "6,42 euros por cada hora" de trabalho.
"No meio dos aplausos da pandemia, no momento em que somos chamados de heróis, quando nos dizem que somos os soldados da linha da frente e a última fronteira entre a vida e a morte, o Governo tenta recrutar enfermeiros com a vergonhosa proposta de pagamento de 6,42€ por hora", pode ler-se.
"Seis euros e quarenta e dois cêntimos por turnos de doze horas enfiados em hospitais de campanha, metidos em fatos assustadoramente desconfortáveis, com máscaras e óculos que ferem o rosto. Seis euros e quarenta e dois cêntimos para não dormir em casa e não ver os pais nem os filhos durante semanas que se podem transformar em meses", acrescenta, apontando ainda o dedo à ministra da Saúde, Marta Temido, acusando-a de não "corar de vergonha" quando sugere que "quem nos cuida" receba por hora "o mesmo que uma empregada doméstica".
"Diz a ministra que o valor base de um enfermeiro em início de carreira é 7,42€. E diz isto sem corar de vergonha, reparem. Como se não fosse absolutamente vergonhoso ter quem nos cuida a receber por hora o mesmo que uma empregada doméstica. E mesmo assim ainda conseguiram retirar um euro a este valor, na proposta mais vergonhosa que me lembro de ler", refere.
"Seis euros e quarenta e dois cêntimos por hora é o que querem pagar a quem vai salvar a vossa vida. É quanto o governo decidiu que vale a primeira linha, a última fronteira. Não sei se estão a pensar pagar o resto em palmas ou com palavras bonitas", conclui.
A publicação, feita no último dia 6 de abril, conta com mais de 4 mil likes e praticamente 4 mil partilhas.
Leia a publicação na íntegra: