Depois de António Costa ter anunciado, esta sexta-feira, que apenas os alunos de 11.º e 12.º ano têm ainda possibilidades de voltar a ter aulas presenciais este ano letivo, Rui Rio considerou que a decisão foi “sensata”. Em entrevista à SIC, o líder do PSD fez questão de sublinhar que a acontecer, este regresso aos estabelecimentos ia ser decidido “daqui a umas três semanas”. “Ainda falta muito tempo”, afirmou, explicando que só nesta altura conseguirá ter uma opinião sustentada sobre se o melhor é regressar à escola, ou continuar a assistir às aulas em casa.
Quanto ao ensino básico, Rio alerta que é preciso “sermos mais cuidadosos” e ter atenção a uma questão que o social-democrata considera essencial. “Nós não podemos sacrificar o futuro dos jovens. Até podemos sacrificar um bocadinho o presente. O futuro não podemos sacrificar”, afirmou, explicando para além de terem aulas, os alunos do ensino básico não podem deixar de ser avaliados. “Se houver as passagens administrativas que houve a seguir ao 25 de Abril, nós estamos a piorar muito o futuro dos jovens”, defendeu, explicando que as avaliações não poderão ter o mesmo rigor, mas têm que existir, sob pena de passarem o ano e “como antigamente se dizia, virem mancos de trás” e não conseguirem acompanhar as matérias. O líder da oposição, que esta quarta-feira se reunião com António Costa e com o ministro da educação,Tiago Brandão Rodrigues, garantiu, no entanto, que, “desenho do Governo”, essa questão não está em falta.
Quando questionado acerca da data em que as medidas do estado de emergência possam a ser menos restritivas para a população, Rui Rio confessou ter “alguma dificuldade” em responder, já que não acredita que as medidas possam sequer ser aligeiradas por enquanto. O líder que durante este período prometeu não ser oposição, mas sim colaboração, alertou ainda os portugueses para que “não confiem de mais nos números”, que reconhece mostrarem uma evolução positiva da pandemia, na medida em que estão abaixo das previsões. “Se nós estamos a ter uma evolução positiva é porque os portugueses estão a cumprir e esse é um pedido que eu faço aos portugueses. Vamos continuar a cumprir”, afirmou.
Quando questionado se estaria disponível para viabilizar um orçamento complementar, Rui Rio garantiu que sim, já que podem ser necessárias “mais verbas” do que aquelas que um orçamento retificativo pode ter. Mas o líder da colaboração, não votará “a favor de tudo”, pois estar a favor de um orçamento suplementar não quiser dizer que o PSD está “às ordens do Governo. “Eu antes não dizia ‘voto contra o orçamento’ antes de o conhecer. Tenho que conhecer. Agora também não digo o contrário, ‘voto a favor antes de o conhecer’. Terei de o conhecer”, explica, acrescentando que a “latitude para aprovar é muito grande porque nós precisamos mesmo, neste momento, que o Estado tenha um papel muito forte”.
Quanto ao aos próximos Orçamentos do Estado, Rui Rio garante que serão orçamentos “muito condicionados” por esta pandemia. “E quanto mais tempo demorarem as medidas inerentes ao estado de emergência, mais longa vai ser a recessão e mais difícil vai ser a recuperação”, afirmou.
O social-democrata explicou que o PSD vai ser crítico quando for a hora de ser oposição, mas não deve criar “dificuldades ao país apenas para criar dificuldades ao Governo”. “Eu não estou a cooperar com o partido socialista, eu estou a cooperar com o Governo de Portugal, em nome de Portugal. É Portugal que está na minha mira”, afirmou.
Rui Rio garantiu que as votações da sessão parlamentar desta quarta-feira, onde o Partido Socialista votou contra todas as propostas do PSD, não serão motivo para “atacar o partido socialista com estados de alma”. “Isto não é para estados de alma, é para olhar ao interesse nacional”, afirmou acrescentando não vai “abandonar o interesse nacional nem a colaboração”.
Durante a entrevista, Rio explicou que serão precisas fazer algumas reformas na economia. Umas, "vão ter mesmo que ser empurradas pela necessidade". "As outras", como é o caso da sreformas na justiça, segurança social sistema político, "vamos ver".
Não querendo "desenhar medidas" antes de o Governo dar a conhecer as suas, "aquilo que podemos fazer já é procurar o financiamento dessas medidas". "Temos de ter uma origem de fundos, para depois aplicar esses fundos", afirmou, explicando que a forma como estes fundos serão aplicados dependerá de como situação evoluir. "Essa forma de origem de fundo passa pela Europa, isso é inevitável", garante.
O choque fiscal que o PSD prometeu na campanha eleitoral seria uma "quase impossível cumprir", e o líder da oposição explica porquê. "A nossa proposta de redução dos impostos assentava na folga que o crescimento económico nos dava para o podermos fazer", explicou, acrescentado que se "maior parte das pessoas não estão a trabalhar", a folga desenhada pelo PSD, "e que o país tinha, não existe".
Rui Rio esclareceu ainda as declarações prestadas à RTP quanto a um possível Governo de salvação nacional. "O Governo que estiver em funções vai ser um Governo de salvação nacional", afirmou, explicando que a situação económica em Portugal vai ser "tão difícil" que "obvaimente, a lógica de governação a seguir, é uma lógica de salvação nacional" já que economia portuguesa vai ficar "terrível". "Por isso, é que o Governo, seja ele qual for – foi isso que eu disse – vai ser uma lógica de salvação nacional".