A conferência de imprensa das autoridades de saúde, que contou com a ministra Marta Temido e com a diretora geral Graça Freitas, ficou marcada pelas questões sobre a proibição da partilha de dados pelas autarquias, que merecerem várias acusações de presidentes de câmara que acusaram o governo de aplicar uma ‘lei da rolha’.
A ministra negou existir tal proibição de divulgação de dados a nível regional, mas sublinhou que as autarquias só deveriam partilhar dados da DGS.
“Há, sim, um apelo claro a todas as entidades que integram o ministério da Saúde, em especial as autoridades locais e regionais de saúde, se concentrem no envio de informação atempada e consistente para o nível nacional. Boletins parcelares podem ser causadores de análises fragmentadas”, explicou.
Marta Temido foi ainda confrontada com a discrepância entre o número de testes positivos ser superior aos casos identificados e confirmados pela DGS.
"Recordo e sublinho que um caso confirmado poderá corresponder a mais do que um teste positivo. Por exemplo, o critério de cura, por exemplo é aferido por dois testes. Se uma pessoa [já sem sintomas] for testada várias vezes, mas demorar a ter os seus testes confirmados como negativo, estes testes contam”, esclareceu.
Sublinhe-se que foram realizados 161.475 testes de diagnóstico à covid-19, dos quais 17.893 foram positivos.
Questionada sobre o facto de os portugueses infetados estarem a pagar do seu bolso as contas dos hospitais privados, Marta Temido foi perentória na sua resposta, que aliás começou com a pergunta: “Quem é que pagaria antes?”.
A ministra defende que o SNS não pode ser responsável pelas despesas de cidadãos que procuram, por iniciativa própria, assistência num privado.
"O que ninguém entenderia é que o SNS fosse, de repente, responsável pelas despesas de doentes que se dirigiram, por sua livre vontade, a prestadores privados. A porta de entrada é a Linha Saúde, como sempre dissemos", sublinhou.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou que há 1849 profissionais de saúde com covid-19 em Portugal, dos quais 276 são médicos, 488 são enfermeiros e 1.085 são outros profissionais do setor.
Quanto ao número de profissionais de saúde internados nos Cuidados Intensivos, a responsável admitiu não ter conhecimento da totalidade.
A falta de acesso pelas entidades científicas aos dados de doentes infetados com covid-19, no âmbito de investigação científica da pandemia em Portugal, foi outro dos assuntos que também marcaram a conferência de imprensa deste sábado.
Foi Marta Temido quem respondeu lembrando que a informação tem sido disponibilizada, embora com dados anónimos, como é exigido por lei, fez questão de sublinhar.
“Mesmo que todos estejamos a viver tempos de exceção, a proteção de dados e a ética na investigação têm, obviamente, de ser garantidas”, frisou a ministra.