Rui Pinto está agora num T1 nas instalações do novo edifício-sede da Polícia Judiciária, em Lisboa: tem à sua disposição um quarto, uma sala, cozinha e casa de banho. Segundo o SOL apurou, o hacker, que não poderá sair de casa nem aceder à internet, pode no entanto receber familiares e amigos, que poderão pernoitar no seu apartamento.
Existem dois apartamentos no edifício-sede daquela polícia com o objetivo de albergar, por exemplo, arrependidos. Recorde-se que já há vários anos que a PJ havia identificado a necessidade de existência de instalações para o efeito – os arrependidos das FP-25 foram colocados nas instalações daquela polícia na Avenida José Malhoa, em condições longe das ideais. Em 2018, aliás, o então diretor da PJ, Almeida Rodrigues, já havia revelado num congresso da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal a existência destes dois apartamentos, referindo que serviriam para arrependidos do Daesh.
Rui Pinto deixou esta quarta-feira a sua cela na cadeia anexa à PJ, em Lisboa, onde estava em prisão preventiva há mais de um ano. O jovem pirata informático terá chegado a um acordo com a justiça, proposto pela sua defesa, que lhe valerá uma atenuação da pena pelos crimes já praticados e passar a colaborar com a polícia.O acordo de colaboração foi já validado pela juíza de instrução Cláudia Pina. Para já, Rui Pinto começará por permitir o acesso aos dez discos externos que a PJ apreendeu em Budapeste, Hungria, que têm muita informação, mas estão encriptados. Segundo o despacho assinado pela juíza Cláudia Pina a que a Lusa teve acesso, "por um lado, o arguido inverteu a sua postura, apresentando agora um sentido crítico e uma disponibilidade para colaborar com a justiça". Por outro lado, lê-se no documento, "neste momento, as fronteiras encontram-se sujeitas a elevados controlos devido à pandemia [da covid-19], o que por si reduz o perigo de fuga, importando também salientar que ao arguido deverão ser dadas, como a qualquer outro cidadão, as melhores condições possíveis para que se mantenha saudável e em segurança".
Em janeiro, o criador do Football Leaks, que vinha acusado de 147 crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão, foi pronunciado por 93 crimes.
Para a justiça, Rui Pinto tem de responder por tentativa de extorsão à Doyen e acessos à Procuradoria-Geral da República, à sociedade de advogados PLMJ, ao Sporting e à Federação Portuguesa de Futebol. Além do Football Leaks, Rui Pinto assumiu recentemente que fora o ‘pai’ do caso que ficou conhecido como Luanda Leaks e que está na base de diversas investigações a alegados desvios cometidos pela empresária angolana Isabel dos Santos.